segunda-feira, 1 de maio de 2017

O insulto de Temer aos trabalhadores no 1o de Maio





DCM, 01/05/17



O insulto de Temer aos trabalhadores


Por Carlos Fernandes



Não fosse o cinismo internacionalmente reconhecido de Michel Temer – esse moribundo político que ora arrasta-se pelos salões do Palácio do Planalto -, já seria o caso de começarmos a duvidar de sua sanidade mental.

Responsável pela maior crise política, econômica e social que este país já presenciou, acuado pela maior greve geral desde a redemocratização brasileira e reduzido ao político mais mal avaliado do Brasil, Temer perdeu de vez a noção de ridículo no seu pronunciamento de 1º de maio.

Num vídeo divulgado na internet, ao seu mais tradicional estilo covarde e medíocre, Temer conseguiu suprimir em pouco mais de dois minutos uma das mais grotescas peças de manipulação em massa que se tem notícia.

Como se desesperado com a mais nova pesquisa Datafolha que sepultou de vez qualquer esperança sobre a mais remota possibilidade de um dia ser visto pelos brasileiros como um líder respeitado a conduzir políticas austeras, o mordomo das causas infiéis pelejou inutilmente com a verdade.

Completamente descolado da realidade, o cidadão que conseguiu a façanha de unir o país em seu desfavor, fala em estarmos vivendo um “momento histórico” na geração de empregos e na “modernização dos direitos trabalhistas”.

Isso apenas 3 dias após o IBGE ter divulgado o seu mais novo recorde de desempregados no país. Contra todas as previsões do governo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nos mostrou que chegamos à obscena taxa de desemprego de 13,7%.

Um contingente de nada menos que 14,2 milhões de homens e mulheres, jovens e adultos que simplesmente não conseguem uma vaga no mercado de trabalho. Número, inclusive, maior que toda a população do Uruguai e Paraguai juntos.

Isso, por si só, já seria mais do que suficiente para entendermos a que presta o seu discurso, mas a patranha seguiu, desavergonhadamente.

Em determinado momento chegou à suprema hipocrisia de considerar benéfica às relações trabalhistas o fato de empresários e trabalhadores poderem negociar acordos coletivos diretamente entre eles sem qualquer intervenção dos sindicatos.

Temer, e o grande empresariado que o banca, sabem perfeitamente que a criminalização dos sindicatos é condição indispensável para a deterioração da já frágil harmonia entre os direitos e deveres que regem patrões e empregados.

Querer fazer crer que o empregado, sozinho, esteja em pé de igualdade com grandes empresas e corporações para negociar seus salários e direitos trabalhistas é, seguramente, uma das formas mais baixas e cruéis de ludibriar aqueles que representam o elo mais fraco da corrente.

Discursos dessa natureza nos alertam o quanto ainda precisamos lutar para  que nossos direitos, não só trabalhistas, sejam efetivamente preservados.

Nesse triste momento de nossa história, apenas dois lados são possíveis: o da defesa da legalidade, da justiça e da dignidade humana ou o da escravidão, do preconceito e da desigualdade.

Michel Temer, por tudo o que fez com a democracia, já demonstrou de que lado está.






Brasil 247, 29/04/17



Globo chancela Thatcher de hospício e manda Temer tocar reformas

 

247 


A Globo, que ajudou a depor a presidente Dilma Rousseff e hoje sustenta Michel Temer, diz que não houve greve geral, em editorial publicado neste sábado, e avaliza a comparação entre seu pupilo e a ex-premiê britânica Margareth Thatcher.

"Autoridades do governo Temer, no decorrer do dia, transmitiram a mensagem correta de que o governo não recuaria nas reformas. Houve mesmo quem fizesse um paralelo com o enfrentamento firme da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em meados dos ano 80, dos mineiros em greve. O governo não cedeu a uma longa paralisação, e Thatcher pôde continuar com seu programa de reformas", diz o texto.

Detalhe: no hospício em que o golpe transformou o Brasil, 7 milhões de pessoas perderam o emprego em dois anos, o rombo fiscal disparou e instalou-se no governo um governo com oito ministros investigados no STF. Além disso: 92% são contra as reformas Temer-Globo e veem o Brasil no rumo errado.

Leia abaixo o editorial:


A ‘greve geral’ das corporações


A chamada greve geral convocada contra as reformas da Previdência e trabalhista foi um retrato dos interesses que se sentem contrariados com as mudanças. São grupos que defendem a manutenção de vantagens de sindicatos e de segmentos da máquina do estado que se beneficiam de ganhos na aposentadoria e nos salários. 

A greve foi um espelho da resistência de corporações sindicais, e outras, a revisões cruciais para que a economia volte a crescer, e os 13 milhões de desempregados comecem a reocupar vagas no mercado de trabalho. Todos vítimas de uma crise derivada da irresponsabilidade fiscal dos governos lulopetistas, dos quais essas corporações também se beneficiaram.

A violência verificada ontem no Centro do Rio está dentro deste quadro de negação dos problemas pelos quais o país passa, e reflete a defesa de benefícios que o Estado do Rio de Janeiro, quebrado, não pode mais sustentar.

Tem sido este o padrão de manifestações enquanto tramita, com dificuldade, na Assembleia Legislativa (Alerj), a aprovação de contrapartidas à ajuda da União, por sua vez ainda na dependência do Congresso. Nada adianta queimar ônibus, ato em prejuízo da grande massa que usa o meio de transporte.

Desde cedo, os organizadores da greve trataram de bloquear estradas, vias importantes nas cidades, estações terminais de coletivos etc., para impedir a circulação das pessoas.

A intenção era evitar ao máximo o acesso aos locais de trabalho. Se sindicatos não têm representatividade para que braços sejam cruzados por decisão própria, que se bloqueiem ruas e estradas. Assim foi feito. A Ponte Rio-Niterói chegou a ser paralisada por piquete. Em São Paulo, a tática foi a mesma, também com o uso de barreiras feitas com pneus em chamas. No final da tarde, a CUT, central sindical do PT, estimou que 35 milhões fizeram greve. Impossível saber ao certo. 

Mas não se pode desprezar o fato político, por mais previsível que fosse ele, com seus esperados participantes — militantes desgostosos da possibilidade do fim do imposto sindical, por exemplo.

Autoridades do governo Temer, no decorrer do dia, transmitiram a mensagem correta de que o governo não recuaria nas reformas, confirmada depois por nota do presidente. Até porque não pode, diante da situação do país. Houve mesmo quem fizesse um paralelo com o enfrentamento firme da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em meados dos ano 80, dos mineiros em greve. O governo não cedeu a uma longa paralisação, e Thatcher pôde continuar com seu programa de reformas.

Guardadas as diferenças de época e de países, o exemplo remete para a necessidade, principalmente do Congresso, de entender as causas dessa resistência e perceber que a grande maioria que não foi às ruas ontem é que será prejudicada em qualquer recuo.

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