quarta-feira, 10 de maio de 2017

10.maio.2017 - Lula na República de Curitiba





Através do link abaixo, a íntegra do depoimento de Lula - Duração 4h:28min:45seg

 
https://www.youtube.com/watch?v=N--Wk1b7-K8
 
 

10 de maio de 2017
 

Lula na República de Curitiba



 
Por Consuelo Maria da Consolação Cerqueira, no Facebook



E ele chegou, cansado, depois de quase 5h de depoimento ante seu inquisidor, o juiz midiático representante da Casa-Grande.

E mesmo depois de horas sendo massacrado pela cretinice do ilustre representante dos golpistas, não deixou de vir à Praça da Democracia, assim batizada. E ali, mesmo exausto, com fala compassada de quem soubera, há pouco, que até o que fala é computado contra ele, emocionado fal
ou, entre outras: " Já falei para 100, 200 ou 500 mil pessoas, mas nunca teve o significado de hoje quando milhares saíram dos distantes pontos do Brasil, do Maranhão, do Piauí, do MT, muita emoção!" ; "Não seria digno das pessoas que estão aqui mentir a vocês, se tivesse culpa. Não mereceria o carinho que recebo"; "Se um dia tivesse que mentir para vocês preferia ser atropelado!" . Aí o mito embarga a voz... "O metalúrgico vai provar que, se voltar a ser presidente, vai consertar esse país."

São fragmentos da fala de Lula, depois de uma tarde inteira de depoimento, quando esteve ali, em frente ao seu inquisidor. O juiz que assumindo os interesses da Casa Grande e do Capital Financeiro, da Mídia, politizou o Judiciário, na defesa militante de seu partido e de sua Classe, de seu Projeto de país, o que privatiza, o que dizima direitos, o que escraviza e mata mais cedo e dilapida as riquezas de seu país.

E agora, já que fora proibido de filmar e gravar o depoimento para que qualquer cidadão daqui e do mundo pudesse acompanhá-lo olhando nos olhos, como queria e como disse na Praça da Democracia, tal como aprendera com sua mãe analfabeta: "Quando a pessoa fala a verdade é só olhar nos olhos de quem fala", mas fora impedido pelo da Primeira Instância, ou pelo Estado Exceção, algo que não acontecia nem em época de ditadura militar.

Queria com isso demonstrar que prima pela transparência e pelo respeito ao seu povo . E lógico que o oligopólio da Mídia ou do Partido da Imprensa Golpista, nas mãos de meia dúzia de famílias , na sua seletividade e defesa de seus interesses, inimiga do povo brasileiro e do jornalismo, aquele que informa e respeita o telespectador, fará a reconstrução da narrativa do ponto de vista de sua classe e de seus aliados da quadrilha para comprometer Lula com a Lava Jato, já caídos em descrédito, pois perseguem uns e outros não.

Mas Lula tem dimensão planetária, meu amigo, e arrasou no hashtag, #MoroPersegueLula. Acredite, em 1º lugar no Brasil e no mundo, no dia de hoje. Essa Luta, escreva aí, Lula não perde!

Disso não esperava a Casa Grande e seu Moro, esse minúsculo ser na sua dimensão humana e política. Mas, o que foi mesmo a ação mais linda? O povo politizado que desbravou as estradas brasileiras e foi lá a Curitiba e deu a mais linda aula de Democracia com seu grito carinhoso #LULAEUCONFIO!







Jornal GGN, 23/04/17



Xadrez da marmelada do tríplex de Guarujá




Por Luis Nassif




Talvez a rapaziada seguidora da novilíngua da Internet não saiba o significado da palavra “marmelada” – não o doce. Significa combinar de forma desonesta com o adversário o resultado final.

Entenda como se montou a marmelada do tríplex de Guarujá – cuja propriedade é atribuída a Lula.

O maior abuso cometido hoje em dia contra o Estado de Direito é o instituto da delação premiada. É escandalosa a sem-cerimônia com que a delação é manipulada pela Lava Jato, pelo PGR Rodrigo Janot e pelo juiz Sérgio Moro. É o maior argumento em defesa da Lei Antiabuso.

Em um processo, há os dois lados: a acusação e a defesa. E o juiz arbitrando o jogo.

Na teoria, o procurador não é exclusivamente a pessoa da acusação, mas o que busca a verdade. Só na teoria. Na prática, é como o delegado que não quer estragar um grande caso descobrindo a inocência do réu, ou o jornalista que não quer estragar a manchete com dúvidas sobre a culpa do suspeito.

O MPF só aceita a delação de quem diz o que ele, procurador, quer ouvir. O réu não pode dizer mentiras factuais. Mas nada impede que avance em ilações falsas sobre fatos – que é uma forma mais inimputável de mentirou afirmações não comprováveis e que, por isso mesmo, podem ser manipuladas ao seu gosto. O melhor, ao gosto do procurador.

Vamos entender melhor esse jogo de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, com a Lava Jato-Procurador Geral da República. Esta semana, Léo declarou que Lula é o verdadeiro proprietário do tríplex de Guarujá, apesar dos advogados de Lula terem mostrado escrituras comprovando que a OAS continua como única proprietária do tríplex.


A armação para pressionar Pinheiro e mudar a versão

O lance Léo Pinheiro foi cantado no dia 29 de agosto do passado ((https://goo.gl/Pt4xbA), quando o Procurador Geral Rodrigo Janot intempestivamente suspendeu as negociações para a delação com base em um motivo ridiculamente primário: uma denúncia anódina contra o Ministro Dias Toffolli, publicado pela revista Veja, e imediatamente atribuída por Janot a Léo – sem nenhuma comprovação.

A delação de Pinheiro comprometia fundamentalmente os governos de Geraldo Alckmin e José Serra, relatando o sistema de propinas em obras públicas estaduais. Até então, o que se sabia das delações da Odebrecht é que se limitavam a relatar financiamentos de campanha por caixa 2 e que Léo Pinheiro avançaria expondo sistemas de propinas.

Escrevi na época:

Versão 1 – o PGR acusou advogados da OAS de terem vazado parte do pré-documento de delação de Léo Pinheiro, com o intuito de pressionar para que a delação fosse aceita. (...) A versão não se sustenta porque, além de ser ilógica – é evidente que o vazamento comprometeria a delação (...)

Versão 2 – imediatamente Janot suspendeu as negociações para a aceitação da delação do presidente da OAS, Léo Pinheiro. Para justificar a não tomada de decisão ante as 17 delações anteriores vazadas, alegou que a de Toffoli era diferente, porque a informação não existia. Ou seja, tratou drasticamente um vazamento irrelevante (porque, segundo ele, de fatos que não existiam) e com condescendência vazamentos graves.

Na atual edição de Veja, tenta-se emplacar uma nova versão: a de que o anexo (com o suposto vazamento) existia, mas não constava da pré-delação formalizada. Como fica, então, o argumento invocado para livrar os procuradores da suspeita de vazamento?

 (...) No dia 11 de agosto passado, a sempre atilada Mônica Bérgamo deu pistas importantes para entender os últimos episódios (http://migre.me/uMCbH)”

“A revelação feita pela Odebrecht sobre dinheiro de caixa dois para o PMDB, a pedido de Michel Temer, e para o tucano José Serra (PSDB-SP) tem impacto noticioso, mas foi recebida com alívio por aliados de ambos. Como estão, os relatos poupam os personagens de serem enquadrados em acusações mais graves, como corrupção e formação de quadrilha.

 (...) Neste final de semana, Veja traz o conteúdo total da pré-delação de Léo Pinheiro.

Há informações seguras de pelo menos um depósito na conta de Verônica Serra. Esse depósito não aparece na pré-delação da OAS divulgada pela Veja. Talvez apareça mais à frente, quando se avançar sobre os sistemas de offshore”.


Há a necessidade de ler a íntegra da próxima delação de Pinheiro, para uma avaliação melhor sobre a maneira como relatará os esquemas de São Paulo. Mas é fora de dúvida de que, para conseguir se livrar da prisão, Léo Pinheiro teve que se propor a entregar Lula.

Esta semana, as informações sobre o tríplex de Guarujá foram prestadas por ele ainda sem constar do acordo de delação. Mas, antes do início do depoimento, fontes da Lava Jato já antecipavam seu conteúdo, o que significa que já haviam chegado a um entendimento, visando o objetivo central da operação: inviabilizar a candidatura de Lula para 2018.


A ideia fixa do tríplex

No depoimento prestado a Moro, Pinheiro faz um relato inverossímil das ligações com Lula.
Dizer que financiou o PT é verossímil, assim como o apoio dado ao Instituto Lula. É verossímil também que teria aceitado assumir o edifício do tríplex, por saber que o casal Lula tinha uma cota em seu nome. Afinal, quem não gostaria de ter um edifício tendo como um dos proprietários de imóvel um ex-presidente da República. É igualmente verossímil que tenha convidado o casal Lula-Marise a visitar o edifício, para ver se se interessavam pelo apartamento.

A partir daí, não há um elemento sequer que comprove que Lula ficou com o tríplex. Lula declarou ter visitado o edifício, não ter gostado do apartamento e não ter ficado com ele.
Há uma montanha de testemunhas e documentos comprovando que a OAS permaneceu como proprietária do edifício.

Mas os brilhantes Sherlocks da Lava Jato transformaram o tríplex em questão de honra. Como é um caso mais ao alcance do chamado telespectador comum, a comprovação da posse do tríplex tornou-se uma obsessão.

Por conta dessa obsessão, já quebraram a cara ao descobrir que estava em nome de uma conta do escritório Mossak Fonseca. Promoveram o maior alarido, invadiram o escritório da Mossak, acessaram seu banco de dados e levaram duas pancadas simultâneas. A primeira, a constatação de que a offshore dona do tríplex era da OAS mesmo; a segunda, ao descobrir uma offshore de propriedade da família Marinho, da Globo.

Numa só tacada inocentaram o alvo e comprometeram o aliado.

Foi um custo varrer o elefante para baixo do tapete.


A encomenda entregue por Pinheiro

Agora, Léo Pinheiro aparentemente cedeu e entregou a encomenda pedida.
Mas há um jogo curioso montado.

De um lado, deu declarações que, sem provas, não têm o menor valor penal. As provas, segundo antecipou o jornal O Globo, são terrivelmente ridículas: comprovações de reuniões com Lula, de telefonemas a funcionários do Instituto Cidadania. Junto, as delirantes provas colhidas pelos Sherlocks da Lava Jato que identificaram quatro (!) viagens em um ano de carros do Instituto até Guarujá.

Fica-se assim, então:

1.     As declarações de Pinheiro garantem alguns dias de cobertura intensiva no Jornal Nacional, preparando o ambiente para uma próxima condenação de Lula.

2.     Mas Pinheiro não entrega nenhuma prova comprometedora contra Lula, nem no caso do tríplex (que não deve ter mesmo), nem em nenhum outro caso relevante.

Além disso, o Código Penal proíbe que uma pessoa seja julgada duas vezes pela mesma acusação. E o caso do tríplex já foi julgado e anulado pela Justiça estadual de São Paulo, apresentada pelos procuradores estaduais.

Ou seja, a grande armação visando ou a prisão ou acelerar a condenação de Lula é ridiculamente frágil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário