terça-feira, 6 de outubro de 2015

Muito grandes para falirem?

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Carta Maior, 06/10/2015
 

Muito grandes para falirem?


 
Por Alejandro Acosta - Diário Liberdade



O total de derivativos nominais nos Estados Unidos passou de US$ 20 trilhões, em 1996, para US$ 40 trilhões no ano 2000, US$ 100 trilhões em 2005, US$ 180 trilhões em 2007, US$ 200 trilhões em 2008 e US$ 330 trilhões em 2011 de acordo com o OCC (Comptroller of the Currency ou Escritório Controlador da moeda corrente).

Somente no primeiro semestre de 2011, o Morgan Stanley aumentou a sua carteira de derivativos swaps de US$ 27,2 trilhões para US$ 35,2 trilhões em valores nominais.

Nos últimos anos, o leque de alternativas foi ampliado ainda mais com o objetivo de contemplar um volume gigantesco de contratos. Eles referenciam hipotecas, commodities (matérias primas), ações (equities), empréstimos imobiliários, títulos públicos e privados (bonds), taxas de juros, taxas de câmbio, índices econômicos (relacionados a ações e à inflação) e até a previsão do tempo. Com o aprofundamento da crise capitalista, praticamente qualquer atividade econômica passou a ser objeto da especulação financeira. De acordo com a OCC, mais de 82% do valor nominal dos títulos em derivativos financeiros se relacionam com taxas de juros e com altos volumes e títulos públicos.

Com o auge do chamado “neoliberalismo”, no início dos anos de 1990, a FED (Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos) e o Tesouro norte-americano começaram a utilizar os IRS (interest rate swaps) para controlar as emissões de títulos públicos por meio das taxas de juros da dívida pública. Neste período, os grandes bancos passaram a concentrar fisicamente as operações em Wall Street, Manhattan, na cidade de Nova Iorque. Com a proliferação dos IRS, a FED e o Tesouro passaram a controlar as taxas de juros a longo prazo através dos Fundos Federais.

A taxa de juros tem sido mantida a taxas muito baixas, próximas a 0%, nos principais países imperialistas. O objetivo é financiar os gigantescos déficits e as dívidas públicas que têm disparado nos últimos anos. Os orçamentos estatais têm sido direcionados, de maneira crescente, para manter os lucros dos monopólios que se encontram em profunda crise, principalmente por meio da monetização da dívida, que acontece mediante a impressão de volumes crescentes de papel moeda, sem lastro produtivo, como um dos principais mecanismos que tem como objetivo deslocar o peso da crise para as massas trabalhadoras.

A política imperialista denominada TBTF (Too Big To Fail - Muito Grandes Para Falir) se encontra no centro da especulação financeira com recursos públicos. As TBTF são as empresas que devem ser resgatadas com recursos públicos a qualquer custo. Essas empresas tratam o mundo como um verdadeiro casino de apostas e contra-apostas onde contam com resgates garantidos pelo estado.

A chamadainjeção de liquidez” tem como objetivo repassar recursos ao sistema financeiro, que o aplica na especulação financeira. As atividades da economia têm como objetivo manter em funcionamento o pagamento dos serviços das dívidas públicas e os demais instrumentos da especulação financeira em geral, em grande medida impulsionadas pelo incentivo artificial do consumo. A crescente inadimplência e o alto endividamento generalizado inerente ao estágio atual do desenvolvimento da crise capitalista ameaça estourar as bolhas financeiras a qualquer momento.

De acordo com o economista Nouriel Roubini, para o próximo período a mãe de todas as bolhas, a emissão desenfreada de dinheiro podre, deverá estourar. Roubini, em 2006, previu, em detalhes, o estouro do colapso de 2008. Todos os fatores que estiveram na base do colapso capitalista de 2008 continuam em pé, ainda com maior força. Os estados capitalistas se encontram debilitados devido ao gigantesco endividamento provocado pelo resgate dos monopólios desde 2007.


Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.

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