quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Se vier o impeachment (golpe), afundaremos o Brasil no caos


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Jornal GGN, 16/09/2015


É mesmo a direita capaz de pular do cadafalso?



Por Ion de Andrade


Recente artigo de Raul Jungmann faz o que poucos “estrategistas” conservadores fizeram até aqui: prospectar o dia seguinte a um eventual impeachment. Ele antevê o caos por inúmeras razões que podem ser lidas aqui . (vide artigo abaixo)

O problema que está posto é a decisão de alguns deputados de dar início a um ´processo de impeachment na câmara dos deputados. Se conseguirem estarão confrontados a uma vitória de Pirro. Terão feito a leitura da tomada do poder como um fenômeno restrito e se isolarão do conjunto dos movimentos sociais, da CNBB, das Centrais Sindicais ao tempo que terão que conduzir uma política econômica de restrições que, se forem tocadas no banjo da direita, corresponderão a um extraordinário arrocho passando por privatizações e desemprego em massa...

A receita leva ao caos social. Um governo impopular e sem nenhuma base social. A recente Fundação da Frente Brasil Popular em Belo Horizonte, demonstra, aliás, que apesar de crítica ao governo, a base de apoio a Dilma continua intacta e numerosa.

Por si só, essa receita golpista deveria ser evitada. A insistência nela, quando inexiste na sociedade brasileira qualquer luta de vida e morte entre as classes fundamentais demonstra que orquestram essa movimentação forças externas ao cenário brasileiro, pois se há uma luta de vida e morte atual é contra o que sobrou de poder colonial em nosso país.

As forças golpistas foram refreadas no mês de agosto, quando tinham armado o bote, mas retomaram a iniciativa num âmbito em que, teoricamente, não podem ser contidas: a Câmara Federal presidida por Eduardo Cunha...

Na esteira do artigo de Jungmann, é muito importante que as lideranças políticas da direita reflitam longamente sobre o que pretendem. Se vier o impeachment (golpe), afundaremos no caos. Mas o Brasil será maior do que esse caos e cedo ou tarde, apesar do sofrimento social inevitável, o país voltará a algum reordenamento social e ao Estado de direito, incontornável dada a complexidade da nossa sociedade e ao quanto se ampliou o Estado.

Reflitamos. O caos foi implantado no Oriente Médio, na Ucrânia, agora na Europa.

A América do Sul é a bola da vez. Os líderes dos partidos da oposição devem refletir. Compreendam que vivemos hoje o país do "A que horas ela volta?". A Europa viveu essa fase no pós guerra e as bases do capitalismo estão mais sólidas que antes. Reflitam enquanto há tempo: NINGUÈM vai aceitar a volta do miserê.

A vitória de Pirro de que fala Jungmann poderá mostrar terríveis contornos.

E os que promoveram o caos em todo o mundo, riem de nós todos inclusive dessa direita golpista e manipulável que pula do cadafalso.

Devemos deixar a Caixa de Pandora fechada, jogar o jogo da democracia e deixar o país navegar. As dificuldades do cenário econômico e político, sem golpe, já são suficientes.

http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/196652/'Impeachment-n%C3%A3o-seria-simples-como-o-de-Collor'.htm
 


Blog da Tereza Cruvinel, 12/09/2015



'Impeachment não seria simples como o de Collor'


 
Por Tereza Cruvinel


Os partidos de oposição começam a girar a engrenagem do impeachment esta semana, cobrando a definição das regras, mas entre eles há diferenças importantes sobre a condução do processo e suas consequências. O deputado Raul Jungmann, do PPS, embora ache que o impeachment vai se tornando uma tendência inexorável, vem advertindo seus pares sobre as peculiaridades do eventual afastamento de Dilma Rousseff, que a seu ver seria bem mais complexo que o de Collor em 1992.

- Venho dizendo que o impeachment de Dilma não seria igual ao de Collor porque precisamos ter isso claro e precisamos nos preparar para o que virá. Não será uma simples remoção do bode da sala, como todos nós gostaríamos que fosse. No caso de Dilma, haverá disputa de narrativa, e isso é importante na política. É claro que o PT dirá que foi golpe, que seu governo foi interrompido porque promoveu os pobres e reduziu a desigualdade. O governo Collor acabou e não se falou mais neles. Com o afastamento de Dilma, haverá “day after”, e haverá oposição ao governo que vier. Aponto tudo isso não para desencorajar o movimento mas para evitarmos erros. Não podemos ter “a pressa que a aniquila o verso”, como disse o poeta – diz Jungmann citando o verso de Edson Régis, poeta pernambucano que morreu no atentado ao aeroporto de Guararapes em 1966.

O impeachment vai se tornando inexorável, diz ele, porque a própria presidente continua fornecendo elementos para a insustentabilidade de seu governo, que só fazem aumentar a ânsia pela “remoção do bode”. Originário do PCB e da resistência à ditadura, Jugmann confessa: “Pessoalmente, a solução do impeachment me angustia, pois sou de uma geração que lutou para instituir e não para interromper os processos políticos. Mas ele vai se impondo como inevitável e terá de ser conduzido como muita precisão e habilidade para que o dia seguinte não seja ainda mais complicado.”

No “day after” de um eventual impeachment de Dilma, ele aponta ainda (além da disputa de narrativa e da reação do PT e dos movimentos sociais aliados) o fato de a política nacional não contar hoje com líderes importantes e respeitados como os que atuaram no impeachment de Collor e negociaram o governo de transição de Itamar Franco, tais como Ulysses Guimarães, Fernando Henrique e Mario Covas.

Diferente também foi a conduta da sociedade civil, que estava unida a favor do impeachment de Collor em 1992, o que hoje não ocorre. O então presidente da OAB, Marcelo Lá Venere, assinou o pedido de impeachment de Collor juntamente ao presidente do ABI, Barbosa Lima Sobrinho. “Onde anda a OAB hoje?”, pergunta Jungmann. A UNE, que liderou os cara-pintadas daquela época, hoje é contra o impeachment. O sindicalismo estava unido. Hoje apenas a Força Sindical está com a oposição.

- Três palavras devem reger todos os nossos passos. Legalidade, Legitimidade e solução administrável diz Jugmann.

Pergunto o que significa esta última, “solução administrável”. A resposta é dele:

- É o que vamos colocar no lugar. Será um governo do PMDB? Será um governo de coalizão? Quem participará dele e com quê programa? No caso de Collor, a solução administrável foi facilmente encontrada. Agora, será mais complicado construí-la.

Jugmann confirma que na terça-feira, conforme já divulgado, os líderes da oposição cobrarão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, esclarecimentos sobre o rito e as regras que regerão o assunto, pois já foram apresentados à Mesa 13 pedidos de abertura de processo de impeachment contra Dilma. Será um primeiro passo, mas o roteiro já ficará definido. Em algum momento, haverá recurso ao plenário contra o arquivamento de uma das propostas. Possivelmente, a de Helio Bicudo. Para garantir a tramitação do pedido, a oposição precisará de maioria simples dos votos (metade mais um dos presentes, estando presentes metade mais um dos 513 deputados, ou 257).

Depois, para aprovar a abertura do processo, as oposições é precisarão de 2/3 dos votos, ou 342, o que é muita coisa. Teoricamente o governo teria condições de barrá-lo, precisando para isso de apenas 171 votos. Mas em casos assim, depois de uma vitória da oposição na votação preliminar, a do recurso, a segunda costuma vir por gravidade. Ferido de morte, o governo não resiste.

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