quinta-feira, 13 de junho de 2013

Eike se previne diante da ruína de seu patrimônio

 
 
 



13/06
 
 

Eike se previne diante da ruína de seu patrimônio

 

Mais um escândalo na conta do Rio de Janeiro


Jornal do Brasil

O empresário Eike Batista esteve reunido na tarde desta quarta-feira (13/6) com seus advogados para se precaver de possíveis problemas com a Justiça por conta de uma possível bancarrota. A má gestão – ou má fé que agora transparece em seus negócios, está se tornando mais um escândalo que será pendurado na conta do Rio de Janeiro. Eike, assim como diversos outros empresários falidos, deverá deixar milhões em dívidas provenientes de financiamentos com dinheiro público que certamente serão pagos pelo contribuinte brasileiro.
O ex-oitavo homem mais rico do mundo em 2011, continua sendo riquíssimo, mas seu império vem se desmoronando a cada dia e as dívidas de projetos geniais estão se acumulando. O Hotel Glória, por exemplo, que já foi um ícone da arquiterura e da vida do Rio de Janeiro, é o retrato mais fiel dessa deterioração. Comprado por R$ 80 milhões para ser reformado, foi posto abaixo e hoje não passa de ruínas e ninguém sabe quando será totalmente recuperado, se é que isso vai acontecer.
 
A ruína de Eike, como seu Hotel, poderá ainda deixar milhares de trabalhadores sem emprego e pequenos investidores sem suas poupanças, a exemplo de vários outros empresários que “quebraram”, mas continuaram com uma vida nababesca e sem que nenhuma punição fosse imputada a esses senhores pelos danos causados ao país e mais especialmente ao Rio de Janeiro. Quem não se lembra do escândalo do fiscal de renda Rodrigo Silveirinha, que no governo do hoje deputado federal Antony Garotinho (PR-RJ) foi acusado de remeter ilegalmente para a Suíça R$ 30 milhões? Ele e outros três fiscais estaduais e quatro auditores da Receita Federal teriam contas no Discount Bank & Trust Company, cujos saldos chegavam a US$ 33 milhões, o equivalente na época a cerca de R$ 110 milhões.
 
Quantos escândalos mais serão necessários para que haja punição a esses senhores? Quanto tempo será necessário para que políticos, clientes de favorecimentos, inclusive do próprio Eike, sejam punidos? Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu quebrar o sigilo fiscal de um senador, por desvio de recursos da previdência dos servidores de Nova Iguaçú, quando exercia o cargo de prefeito no município. O desvio soma mais de R$ 300 milhões e envolvem diversas administrações, vários outros prefeitos, mas nenhum desses outros foi arrolado no processo.
 
Recentemente, a construtora baiana Odebrecht, que possui uma dívida de mais de R$ 62 bilhões, venceu a licitação para administrar o novo Maracanã. E quem é seu sócio? Eike Batista. A licitação do estádio, outro ícone da cidade, contou com a conivência das autoridades do Rio de Janeiro e já está cheirando a novo escândalo. A propósito, a Vila do Pan, que vem afundando desde do final dos Jogos, que ocorreram em 2007, foi construída pela Agenco Engenharia S/A, acusada de ter firmado um contrato superfaturado com o Ministério dos Esportes e o Comitê Organizador do evento, para a concessão de direito real de uso das instalações destinadas aos atletas. De acordo com o contrato, o uso dos imóveis pelo período de dez meses custou ao erário 25 milhões de reais.
 
Para finalizar - por enquanto, porque a lista de escândalos é enorme – o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, que junto com o governador Sérgio Cabral, pertencia à turma do guardanapo, foi condenado pela Justiça a quatro anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto por desvio de verba pública destinada à despoluição da Lagoa de Araruama. A Delta chegou a ser a maior do Brasil e em dez anos seu faturamento saltou de R$ 67 milhões para cerca de R$ 3 bilhões, sendo a principal executora das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
 
A pena de Cavendish é levíssima se comparado ao que vem sendo levantado como possíveis desvios de verbas públicas feitos pela construtora. Durante a apuração do escândalo envolvendo a empresa, políticos foram blindados para que não houvesse quebra de sigilo fiscal e bancário. Até não está esclarecido o envolvimento desses senhores nesse escândalo e faltam informações sobre o total desviado. Fica apenas a pergunta: Até quando?
 
 
 
02/05/2013

 
Dinheiro coletivo e fortuna individual


Por Lúcio Flávio Pinto 

No auge da sua valorização, as empresas do grupo X, de Eike Batista, valiam 101 bilhões de reais. Hoje, valem R$ 14,7 bilhões. Que conglomerado empresarial no mundo resiste a uma perda de valor de quase 85% em três anos?

Nesse período, quase R$ 90 bilhões viraram pó, fumaça, cinza, pó, vento. Ainda assim, continua inflacionado artificialmente o valor real da corporação daquele que, no ápice desse crescimento, era o homem mais rico do Brasil e oitavo bilionário do mundo, com pretensões a ser o primeiro em mais dois anos.

É espantoso como esse “caso” não atrai o interesse em profundidade que merece, permanecendo na superficialidade do dito show-biz. É um retrato do Brasil dos nossos dias. Eike é o maior – mas não o único – dos aventureiros de mercado. Cheios de inteligência e argúcia, impetuosidade e falta de escrúpulos, voracidade sem qualquer freio ético ou moral, informações privilegiadas e elos secretos com quem pode produzi-las.

Por seus próprios meios, esses barões não teriam ido tão longe se, no início da sua caminhada, não tivessem participado, em posição vantajosa, do programa de desestatização. A venda de ativos do governo à distância de um efetivo controle da sociedade foi uma realização nociva do governo Fernando Henrique Cardoso.

FHC a herdou da administração Collor, que apenas abriu o caminho, com a desenvoltura que então poucos puderam perceber. Sob o tucanato, a venda do patrimônio público foi ampliada, multiplicada e levada ao extremo da irresponsabilidade, conforme admitido por um dos seus protagonistas.

Dos R$ 14,7 bilhões que subsistem como matéria sonante no capital das empresas de Eike Batista, R$ 10 bilhões são do BNDES, com a participação coadjuvante da Caixa com 10% desse valor. O quadro é alarmante. Num país sério, dotado de Banco Central para valer, teria resultado em liquidação extrajudicial ou, fora do âmbito jurisdicional específico, seria um caso de polícia, como reage o banco de fomento?

De olho no próprio bolso, o contribuinte brasileiro devia prestar mais atenção a essa novela. É muito mais apimentada do que as da televisão. Com um acréscimo próprio: o da interatividade negativa para o tesouro nacional.

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