sábado, 25 de maio de 2013

A cada ano, 80 mil crianças do mundo morrem de doenças facilmente tratáveis. Nenhuma delas é cubana

 
 
 
 
Médicos cubanos no Brasil?
 
 
Frei Betto
 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) está indignado frente ao anúncio da presidente Dilma de que o governo trará 6.000 médicos de Cuba, e outros tantos de Portugal e Espanha, para atuarem em municípios carentes de profissionais da saúde. Por que aqui a grita se restringe aos médicos cubanos? Detalhe: 40% dos médicos do Reino Unido são estrangeiros.
Também em Portugal e Espanha há, como em qualquer país, médicos de nível técnico sofrível. A Espanha dispõe do 7º melhor sistema de saúde do mundo, e Portugal, o 12º. Em terras lusitanas, 10% dos médicos são estrangeiros, inclusive cubanos, importados desde 2009. Submetidos a exames, a maioria obteve aprovação, o que levou o governo português a renovar a parceria em 2012.
Ninguém é contra o CFM submeter médicos cubanos a exames (Revalida), como deve ocorrer com os brasileiros, muitos formados por faculdades particulares que funcionam como verdadeiras máquinas de caça-níqueis.
O CFM reclama da suposta validação automática dos diplomas dos médicos cubanos. Em nenhum momento isso foi defendido pelo governo. O ministro Padilha, da Saúde, deixou claro que pretende seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissionais.
A opinião do CFM importa menos que a dos habitantes do interior e das periferias de nosso país que tanto necessitam de cuidados médicos. Estudos do próprio CFM, em parceria com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, sobre a "demografia médica no Brasil”, demonstram que, em 2011, o Brasil dispunha de 1,8 médico para cada 1.000 habitantes.
Temos de esperar até 2021 para que o índice chegue a 2,5/1.000. Segundo projeções, só em 2050 teremos 4,3/1.000. Hoje, Cuba dispõe de 6,4 médicos por cada 1.000 habitantes. Em 2005, a Argentina contava com mais de 3/1.000, índice que o Brasil só alcançará em 2031.
Dos 372 mil médicos registrados no Brasil em 2011, 209 mil se concentravam nas regiões Sul e Sudeste, e pouco mais de 15 mil na região Norte.
O governo federal se empenha em melhorar essa distribuição de profissionais da saúde através do Provab (Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica), oferecendo salário inicial de R$ 8 mil e pontos de progressão na carreira, para incentivá-los a prestar serviços de atenção primária à população de 1.407 municípios brasileiros. Mais de 4 mil médicos já aderiram.
O senador Cristovam Buarque propõe que médicos formados em universidades públicas, pagas com o seu, o meu, o nosso dinheiro, trabalhem dois anos em áreas carentes para que seus registros profissionais sejam reconhecidos.
Se a medicina cubana é de má qualidade, como se explica a saúde daquela população apresentar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices bem melhores que os do Brasil e comparáveis aos dos EUA?
O Brasil, antes de reclamar de medidas que beneficiam a população mais pobre, deveria se olhar no espelho. No ranking da OMS (dados de 2011), o melhor sistema de saúde do mundo é o da França. Os EUA ocupam o 37ºlugar. Cuba, o 39º. O Brasil, o 125º lugar!
Se não chegam médicos cubanos, o que dizer à população desassistida de nossas periferias e do interior? Que suporte as dores? Que morra de enfermidades facilmente tratáveis? Que peça a Deus o milagre da cura?
Cuba, especialista em medicina preventiva, exporta médicos para 70 países. Graças a essa solidariedade, a população do Haiti teve amenizado o sofrimento causado pelo terremoto de 2010. Enquanto o Brasil enviou tropas, Cuba remeteu médicos treinados para atuar em condições precárias e situações de emergência.
Médico cubano não virá para o Brasil para emitir laudos de ressonância magnética ou atuar em medicina nuclear. Virá tratar de verminose e malária, diarreia e desidratação, reduzindo as mortalidades infantil e materna, aplicando vacinas, ensinando medidas preventivas, como cuidados de higiene.
O prestigioso New England Journal of Medicine, na edição de 24 de janeiro deste ano, elogiou a medicina cubana, que alcança as maiores taxas de vacinação do mundo, "porque o sistema não foi projetado para a escolha do consumidor ou iniciativas individuais”. Em outras palavras, não é o mercado que manda, é o direito do cidadão.
Por que o CFM nunca reclamou do excelente serviço prestado no Brasil pela Pastoral da Criança, embora ela disponha de poucos recursos e improvise a formação de mães que atendem à infância? A resposta é simples: é bom para uma medicina cada vez mais mercantilizada, voltada mais ao lucro que à saúde, contar com o trabalho altruísta da Pastoral da Criança. O temor é encarar a competência de médicos estrangeiros.
Quem dera que, um dia, o Brasil possa expor em suas cidades este outdoor que vi nas ruas de Havana: "A cada ano, 80 mil crianças do mundo morrem de doenças facilmente tratáveis. Nenhuma delas é cubana”.

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Cuba tem uma população de 11 milhões 250 mil habitantes (2011).
  1. O Brasil tem 196 milhões 700 mil habitantes .
  2. Cuba teria 25 faculdades de medicina. Em 2012, Cuba formou mais 11 mil novos médicos, os quais completaram sua formação de seis anos em faculdades de medicina reconhecidas pela excelência no ensino.(http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/23324/cuba+a+ilha+da+saude.shtml)
  3. O Brasil tem 188 cursos de medicina cadastrados no MEC, até 2012. Comparando com o cenário internacional, verifica-se que a China, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, possui 150 cursos de Medicina. Os Estados Unidos, com população de mais de 300 milhões, contam com 131 faculdades de Medicina. (http://www.institutosalus.com/noticias/medicina/numero-de-cursos-de-medicina-no-brasil-cresce-82-em-duas-decadas)
  4. A cada ano no Brasil quase 13 mil alunos se formam em medicina segundo o Ministério da Educação. (http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/12/treze-mil-medicos-sao-diplomados-ao-ano-mas-faltam-profissionais.html
Cuba tem uma população dezessete vezes e meia menor que a do Brasil e forma proporcionalmente vinte vezes mais médicos por ano.


 
25/05/2013 


Cuba rebate críticas à formação de médicos

País tem 25 faculdades públicas que recebem estudantes de 113 países, inclusive Brasil

 

               
Agência Brasil |                  
Agência Brasil



A polêmica gerada pela disposição do governo de contratar cerca de 6 mil médicos de Cuba para trabalhar na atenção primária à saúde nas regiões mais carentes do país é estimulada, entre outras razões, pela dúvida sobre a formação profissional deles. Mas o governo cubano rebate as dúvidas com números. Em Cuba, há 25 faculdades de medicina, todas públicas, e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil.

A duração do curso de medicina em Cuba, a exemplo do Brasil, é seis anos em período integral, depois há mais três a quatro anos para especialização. Pelas regras do Ministério da Educação de Cuba, apenas os alunos que obtêm notas consideradas altas em uma espécie de vestibular e ao longo do ensino secundário são aceitos nas faculdades de medicina.
Defasagem: OMS critica baixo número de médicos por habitante no Brasil
Médicos cubanos que atuam no Brasil contam que, em Cuba, o estudante tem duas chances para ser aprovado em uma disciplina na faculdade: se ele for reprovado, é automaticamente desligado do curso. Na primeira etapa do curso, há aulas de biomédicas, ciências sociais, morfofisiologia e interdisciplinaridade.
Nas etapas seguintes do curso, os estudantes de medicina em Cuba têm aulas de anatomia patológica, genética médica, microbiologia, parasitologia, semiologia, informática e outras disciplinas. Segundo os médicos cubanos, não há diferença salarial entre os profissionais exceto pela formação – os que têm mestrado e doutorado podem ganhar mais.
De acordo com os profissionais cubanos, todos os estudantes de medicina passam o sexto ano do curso em período de internato, conhecendo as principais áreas de um hospital geral. A formação dos profissionais em Cuba é voltada para a chamada saúde da família: os médicos são clínicos gerais, mas com conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias e até ginecologia e obstetrícia.
Porém, a possibilidade de contratar médicos cubanos gera críticas e ressalvas de profissionais brasileiros. Mas o governo brasileiro considera que a necessidade de profissionais e de garantia de saúde para toda a população brasileira deve prevalecer em relação às eventuais restrições aos estrangeiros.
No começo do ano, os prefeitos que assumiram os mandatos apresentaram ao governo federal uma série de demandas na área de saúde. Na relação dos pedidos apresentados pelos prefeitos estavam a dificuldade de atrair médicos para as áreas mais carentes, para as periferias das cidades e para o interior do país.
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-05-25/cuba-rebate-criticas-a-formacao-de-medicos.html



quarta, 01 de fevereiro de 2012
                   

Número de cursos de Medicina no Brasil cresce 82% em duas décadas


Uma consulta no site do Ministério da Educação (MEC) revela que existem, no Brasil, 188 cursos de Medicina cadastrados, em 2012. Até a década de 1950 havia 27 escolas médicas no país e, na década de 90, já eram 103. Em 2008 havia 175 cursos de medicina, dos quais 104 eram privados e 71 eram públicos.
Do total de cursos existentes em 2012, 39% (73 cursos) destes são oferecidos gratuitamente aos estudantes, por instituições públicas. Já 61% (115) dos cursos são oferecidos por instituições de ensino privadas. Em 2011, o CFM publicou dados semelhantes do perfil das escolas médicas do país.

Comparando com o cenário internacional, verifica-se que a China, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, possui 150 cursos de Medicina. Os Estados Unidos, com população de mais de 300 milhões, contam com 131 faculdades de Medicina.

No Brasil, o que ocorreu na última década foi o crescimento muito maior no número de escolas médicas de caráter privado, em relação às públicas. Esse fato toma importância à medida que se relaciona a educação médica com o processo de mercantilização do ensino.

Pode-se dizer que o primeiro aumento considerável no número de cursos de Medicina ocorreu no período militar. De acordo com dados publicados na pesquisa Demografia Médica no Brasil, de 1960 a 1969 foram abertas 39 escolas médicas, 23 delas no Sudeste. Nessa época, a maioria dos cursos de Medicina funcionavam em faculdades públicas.

O salto na abertura de cursos de Medicina nos anos 1960 foi responsável pelo crescimento exponencial que se verifica no número de médicos a partir da década de 1970.

Em 1996 acontece um novo aumento no número de cursos de Medicina, sobretudo nas faculdades de caráter privado.

De 2000 a 2011, 77 escolas médicas foram inauguradas, em sua maioria particulares. Nesse período, a população brasileira aumentou apenas 12,3%.

Em relação à distribuição dos cursos de Medicina no Brasil, veja o cenário:

Estados em que há maior concentração dos cursos de Medicina: São Paulo (33 cursos); Minas Gerais (28); Rio de Janeiro (18); Paraná (12); Rio Grande do Sul (11); Santa Catarina (10). Portanto, as regiões sudeste e sul concentram a maior quantidade de cursos do país.
Ou seja, 45% das escolas médicas se concentram na região sudeste, o que gera maior oferta de egressos ao mercado de trabalho. Justamente essa região conta com maior número de médicos por habitante.

Estados que possuem número menor de cursos são: Bahia, Ceará e Paraíba (7 cursos em cada estado); Pernambuco e Espírito Santo (5); Distrito Federal, Pará, Piauí, Tocantins e Rondônia (4); Sergipe, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Goiás e Amazonas (3); Alagoas e Mato Grosso (2); Acre, Amapá e Roraima (1 curso cada estado).
Apesar de haver mais cursos nas regiões sudeste e sul, que são mais populosas, há distribuição desproporcional dos cursos de Medicina entre os estados brasileiros em relação ao número de habitantes de cada estado, de acordo com o senso do IBGE de 2009.

As entidades médicas e o governo devem estar atentos para o processo de mercantilização do ensino, fato que vem ocorrendo no ensino médico, assim como em outros cursos da área da saúde. Esse processo está relacionado com a abertura desenfreada de escolas médicas de origem privada. O motivo da preocupação é a queda na qualidade do ensino e, consequentemente, da competência técnica dos profissionais formados.

Em 2011, o MEC suspendeu 514 vagas oferecidas em 16 cursos de bacharelado em Medicina, todos em instituições privadas, que tiveram resultados insuficientes no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Os cursos são oferecidos por nove instituições de ensino de Minas Gerais, duas de Rondônia, e uma dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.

Essas ações realizadas pelo MEC são fundamentais, no sentido de limitar o número de vagas nos cursos de graduação em Medicina com baixa qualidade. O processo de mercantilização do ensino prejudica a qualidade dos cursos e do ensino médico, colocando em risco a saúde pública como um todo.
Fonte: Instituto Salus

http://www.institutosalus.com/noticias/medicina/numero-de-cursos-de-medicina-no-brasil-cresce-82-em-duas-decadas

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