domingo, 12 de agosto de 2012

FHC de volta ao Brasil e a agenda da barbárie

Imagem inline 1
 


 
9/8/2012 
 
 
FHC de volta ao Brasil e a agenda da barbárie
 
Por Renato Rabelo - de Brasília
 
 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso leu os jornais brasileiros onde, segundo ele, somente se fala de “mensalão” e Olimpíadas. Perdido no contexto nacional, ele voltou com tudo após receber US$ 1 milhão da Biblioteca do Congresso norte-americano, uma espécie de “contribuição” à sua elaboração ao pensamento neoliberal.
Artigo de sua autoria publicado na edição do último domingo do jornal O Estado de S. Paulo saiu pior que a encomenda. O nome da prosa é sugestivo O inescapável pelo fato dele mesmo não ter conseguido escapar de seu papel de líder de uma oposição que definha a cada dia. A tropa é o espelho do comandante. Um comandante perdido e preso a uma época em que comandou o maior assaque ao patrimônio público da história de nosso país, com sua política de privatizações.
Em seu artigo abordou dois assuntos. O “mensalão” e a crise financeira. Sobre o julgamento do “mensalão” nenhuma novidade. Cita e recita o que há meses a “grande imprensa” já publica. Endossa a conversa fiada da colunista Dora Kramer sobre a falsa dicotomia entre “julgamento técnico” e “julgamento político”. FHC literalmente escorrega ao afirmar algo que nem o procurador geral da República conseguiu provar em sua intervenção: que houve crime. Ou seja, é política pura!
Ele ainda se julga no direito de posar como o paladino de uma “fina intelectualidade” cujos direitos de intromissão saltam do conhecimento dito científico em si, para outra esfera. A dos valores morais e da salvaguarda de uma democracia que o “príncipe da moeda” acredita ser parte tanto de sua construção, quanto de seu salto qualitativo a partir desta farsa política em torno do “mensalão”. FHC padece do mal de alguns que se julgam gênios incompreendidos: o da construção de uma realidade virtual que só existe na sua própria cabeça.
Esse aspecto idealista e ultraconservador de sua visão de mundo explicitam-se na sua “análise” da crise financeira e seus efeitos no Brasil. FHC perde a oportunidade de uma autocrítica sobre como o Brasil de seu tempo passou pelas crises de 1997 e 1999. O FMI “salvou” a pele dele e em troca levou nossa soberania de roldão. São as reformas enfiadas goela abaixo de nosso povo, pelo FMI, que FHC advoga para sairmos da crise? É o que defende em seu artigo. A sua agenda fez o país com o maior potencial elétrico do mundo viver às escuras durante meses. Sua agenda destruiu parte da infraestrutura do país. Sua agenda gerou 12 milhões de desempregados, rachando ao meio o tecido social brasileiro. Sua agenda é a barbárie.
O que os governos Lula e Dilma fizeram e fazem é o oposto do que ele fez e propõe. São esses feitos e a própria tentativa de superação do perverso legado de FHC (“herança maldita”) o que está mantendo o país num nível onde a maioria esmagadora da população não passe pela indignidade de ter como alimento a famosa sopa de papelão, tão popularizada no Nordeste do final da década de 1990. Triste e desmoralizante lembrança de um tempo em que a fome campeava em nosso país. Ele significa o descrédito e a desmoralização completa. A barbárie sob forma de programa político, agora sob a assinatura de um falso Keynes que ele tenta resgatar em seu artigo.
É claro que nosso país necessita de um grande salto. De um conjunto de medidas para aumentar a taxa de investimentos (hoje a relação investimentos x PIB é de 19%, na época de FHC chegou a cair a 12%) a partir da criação de um ambiente sadio de investimentos públicos e privados. O caminho está para ser pavimentado, sedimentado. Andar para frente demanda uma condição objetiva excepcional: que FHC e sua tropa nunca mais ocupem os principais postos de comando de nosso país. A agenda deles é a do retrocesso politico e econômico.

Renato Rabelo é presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário