sábado, 7 de abril de 2012

O baque atual pode ser maior

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Sãbado, 07 de Abril de 2012


Demóstenes não é Collor. Mas pode ser pior

Por Saul Leblon


Enganam-se os que equiparam o caso Demóstenes Torres ao revés sofrido pelo conservadorismo brasileiro no impeachment de Collor há quase duas décadas. O baque atual pode ser maior. Não pela importância intrínseca de Demóstenes, mas pelo entorno histórico que cerca o streap-tease ético do aspirante a novo savonarola das elites nativas.

Collor renunciou ao final de 1992. No ano seguinte Bill Clinton sucederia a Reagan na maratona desregulatória nos EUA. A retroescavadeira neoliberal sacudiria o legado de Roosevelt por quase dez anos (até 2001), sobretudo no sistema financeiro. A direita brasileira, portanto, estava amparada ideologicamente no ambiente internacional. Rapidamente ela se refez da queda do caçador de marajás que ajudara a eleger (e como!). Seu dispositivo midiático agiu em duas frentes. Reduziu o ex-herói à insignificância política de um personagem que não estava à altura do seu enredo. Mas preservou o enredo, encontrando um similar de Clinton para comandar as 'reformas' aqui:
FHC.

A gestão Democrata em Washington foi um lastro decisivo nesse processo. Clinton não apenas incorporou o legado de Reagan (que por sua vez havia replicado Thatcher), como aprofundou-o estendendo a desregulação e o Estado mínimo à esfera bancária para pavimentar a supremacia das finanças desreguladas. Não é retórica. A eliminação da lei Glass Stegall, em 1999, liberou a formação dos grandes conglomerados financeiros ao suprimir as barreiras criadas por Roosevelt, em 1933, que separavam bancos de investimentos da banca comercial. A fusão dos dois balcões num só permitiu aos financistas especularem com dinheiro alheio, sem contrapartidas equivalentes.
O afrouxamento da supervisão estatal gerou o fastígio do crescimento sem poupança, à base do crédito ilimitado. Foi um sucesso enquanto a corrente se ampliava. A coisa desmoronou em 2008, com o estouro das subprime. O resto é sabido. E o sabido foi tragicamente sintetizado no suicídio de um aposentado grego, na semana passada. Ao tirar a própria vida com um tiro, ele deixou um bilhete no qual exorta os jovens à luta armada e declara sua recusa à
opção cada dia mais coerente com a persistência da lógica dos livres mercado: comer lixo. É nesse ambiente ideologicamente abafado dos interesses conservadores que se dá o streap-tease do aspirante a novo Collor dos Cerrados.

A mídia investia pesado na face do novo savonarola, lambuzando-o com o glacê da 'direita preparada e linha-dura'. Abandonado agora à sarjeta reservado aos que encerram elevado teor contagioso, o senador dublê de contraventor escancara a indigência ideológica do projeto conservador para o Brasil. Ao contrário do que se viu nos anos 90, hoje à crise moral personificada no centurião goiano superpõe-se a assustadora deriva de uma economia mundial em que a reiteração das ideias mercadistas tornou-se sinônimo de
recessão e desespero.
A margem de manobra estreitou-se a olhos vistos.

Quem se habilita a preencher o hiato com um salto progressista de abrangência e profundidade equivalentes ao que representou o ciclo neoliberal, nos anos 90? Esse é o ponto.

.....


07/04/2012


Os interesses de Veja e Cachoeira na educação


Luis Nassif

Carlinhos Cachoeira tinha interesse em bancar a construção de escolas em Goiás, seguindo o modelo chinês:

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Do G1

O secretário de Educação, Thiago Peixoto, teria repassado sigilosamente o modelo das escolas para que o grupo de Cachoeira construísse prédios iguais. A intenção, segundo o relatório, seria alugar, futuramente, as unidades escolares para o estado.
A gravação comprometedora foi feita em junho de 2011. 
Na mesma conversa gravada, Cachoeira fala na encomenda de uma grande matéria sobre educação.

Por Nexxus
Outro fato a ser lembrado é a gravação utilizada pela Veja para defender Policarpo Jr. A gravação mostra uma conversa entre Cachoeira e Jairo. Em um trecho da gravação Cachoeira mostra o interesse na publicação de um reportagem sobre educação. Seria essa a reportagem que Cachoeira queria? O diálogo foi gravado em 08.07.2011.
Nessa gravação há o seguinte trecho:
Cachoeira: Certamente, rapaz. Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso. A gente vai estar sempre trabalhando para ele e ele nunca traz um negócio. Entendeu? Por exemplo, eu quero que ele faça uma reportagem de um cara que está matando a pau aqui, eu quero que eles façam uma reportagem da educação, sabe, um puta de um projeto de educação aqui. Pra você ver: ontem ele falou para mim que vai fazer a reportagem, mas acabando esse trem ai, ele pega e esquece de novo. Quer dizer, não tem o troco sabe.
Em dezembro de 2011, Veja publicou uma enorme série sobre o modelo educacional chinês, com bom destaque para o modelo de escola chinesa:

Da Veja

A primeira diferença é do espaço físico, especialmente da limpeza e do cuidado. A maioria das escolas que visitei não tinha nada muito sofisticado ou diferente, mas também não tinham nada fora do lugar ou improvisado. Os pisos das escolas eram imaculadamente limpos, e em duas ocasiões presenciei algo que nunca vi no Brasil, nem no tempo de estudante e nem em visitas a escolas: o diretor ou vice-diretor que nos acompanhava se agachando para recolher um pedaço de papel caído. Os prédios são parecidos com os de muitas escolas brasileiras, ainda que um pouco mais verticalizados. As escolas têm três ou quatro andares. São escolas grandes, a maioria com mais de mil alunos. O sistema chinês é dividido em três níveis: o "Elementary", do 1º ao 6º ano; "Middle", do 7º ao 9º, e o "High School", de três anos. Em Xangai há uma leve alteração: 5-4-3 ao invés de 6-3-3.
Não visitei nenhuma escola que tivesse os três níveis. A maioria tinha apenas um nível, ou no máximo dois (middle e high). Em algumas escolas cada série ocupava um andar. Essa organização do espaço é relevante. Pois em cada andar há uma sala de professores, e essa divisão permite que professores das mesmas séries estejam em contato frequente e tenham a formação do seu grupo de estudos facilitado (veja o capítulo 3). A sala de professores não tem nada a ver com esse espaço social e descontraído dos colégios brasileiros: em Xangai, cada professor tem o seu cubículo, em que guardam livros e materiais de sua disciplina e onde também há um computador, onde preparam o material de aula (sempre da marca Lenovo, empresa chinesa que adquiriu o negócio de PCs da IBM).

Por Ana Barbosa

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