sexta-feira, 27 de abril de 2012

Filho do Brasil, amigo da esperança – Um cordel para Lula

Filho do Brasil, amigo da esperança


Por Jetro Fagundes(*)
I


Filho do Brasil, amigo da esperança
ele conseguiu provar por B mais A
que quando o Passo Firme não cansa
o Pé no Chão pode chegar um dia lá
Passos Firmes que passaram no teste
de quem caminha com os próprios pés
desde quando nasceu lá no nordeste
em Pernambuco, na vila dos Caetés
Do lugar onde a carência é constante
lá um dia ele com sua família subiu
em Pau de Arara, o carro de retirante
rumo ao Sudeste do Brasil
Família grande, tudo gente carente
em São Paulo vai logo se decepcionar
vendo o pai que havia ido na frente
com a sobrinha constituir novo lar
Em São Paulo, antes de virar torneiro
ainda criança, já ativa as suas mãos
como um Tapioqueiro ou amendoinzeiro,
laranjeiro pra ajudar os seus irmãos
Menino guerreiro de direito e de fato
que na rua aprendeu de tudo vender
também foi bom engraxate de sapato
artista da vida pra poder sobreviver
Ali, na ante-sala da sobrevivência
de quem precisa batalhar pelo pão
ele aprende a arte da eloquência
em contato com todo tipo de cidadão
Menino Luíz Inácio da Silva, o Lula
já por volta dos quatorze anos sai
buscando uma profissão, e se matricula
no curso de Torneiro Mecânico no SENAI
Torneiro Mecânico setor de metalurgia
é ali que um dia ele sofre mutilação.
Após acidente e incompetente cirurgia
perde o dedo mínimo da esquerda mão
A indenização recebida pelo acidente
em que sofreu a complexa mutilação
ele aplicou tudinho no seu lar carente
adquirindo móveis e um pedaço de chão
Tempos depois do acidente ocorrido
volta ao trabalho e já começa a agitar.
Na Frismolducar é despedido, demitido
pois aos Sábados se recusou a trabalhar
E com a carteira assinada novamente
nas Industrias Villares vai iniciar
a carreira de sindicalista dirigente
por demonstrar certo carisma popular
É assim que o ex-engraxate de sapato
também filho do Nordeste, terra natal
se torna dirigente de sindicato
que vai peitar doutor patrão e general
Esse Sindicalista que se fez camarada
dos seus companheiros do meio sindical
conseguiu dar um basta na pelegada
a gente que vive a serviço da patronal
Em setenta e sete, o líder sindicalista
ganha respeitável projeção nacional
por comandar em todo A B C D paulista
grande greve por reposição salarial
I I
Embora sob a vigência da linha dura
amparada pelo AI-Cinco tão repressor
os metalúrgicos desafiam a ditadura
demonstrando a coragem do trabalhador
E os paranóicos aparelhos repressivos
inimigos de toda organização social
enquadraram Lula como um subversivo
na doentia Lei de Segurança Nacional
Lá no início dos anos oitenta, o regime
que se notabilizou pela perseguição
comete uma lambança e um grande crime
invadindo Sindicato, fazendo intervenção
Vítima da política altamente repressiva
nesse período, Lula sofre condenação
acusado de incitar a desordem coletiva
e cumpre trinta e um dias de detenção


Nos dias em que ficou na cela ditadora
ele recebe uma dolorosa notícia fatal
Morre Lindu, ex-retirante, sua genitora
é liberado, mas só pra presenciar o funeral
De Lindu, mulher guerreira maravilhosa
Lula sempre falou com aquela emoção
de se tratar de uma pessoa carinhosa
que lhe deu amor, dedicação, educação
Lindu, menina filha do chão nordestino,
mãe valorosa como tantas nesse país
era uma mulher senhora do seu destino
que não teve o menor medo de ser feliz
Dona Eurídece, a Lindu, mulher valente,
cumpridora do seu dever, um dia partiu
e nem esperou pra ver que um presidente
seria o seu menino, filho do Brasil
Quando seu filho foi solto da cela, um dia,
um certo delegado do órgão da repressão
ironicamente disse em tom de profecia
que Lula venceria todo tipo de eleição
Depois dos trinta e um dias em que ficou retido
no Departamento de Ordem Politica Social

o sindicalista, ao ficar mais conhecido,
adquiriu grande notoriedade nacional
E para endurecer contra os ditadores
ele se junta a sonhadores, intelectuais
fundando o Partido dos Trabalhadores
com largo apelo nas plenárias sociais
E para peitar empresários arrochadores
Lula, com tantas lideranças sindicais,
funda a Central Única dos Trabalhadores,
que luta contra as perdas salariais
No ano de oitenta e dois, o ex-retirante
se candidata pra valer e pra vencer
à cadeira do Palácio dos Bandeirantes
mas perde pra Franco Montoro do PMDB
Muito embora ele não tenha conseguido
ganhar aquelas eleições para governador,
sai do pleito reconhecido, fortalecido
como importante porta voz de trabalhador
A voz que já havia entrado pra história
como caixa de ressonância da multidão
era de alguém sem o curso da oratória
forjado na dura luta e na perseguição.
I I I
Quem ja ouviu a fala do ex-retirante
numa plenária ou num comício eleitoral
vai dizer, sendo ou não um militante,
que nunca viu na vida algo assim igual
Uma fala grossa de um digno dirigente
estrondosa e na base da improvisação
se tornando a voz do povo, da sua gente
que não tem vez nos meios de comunicação
Sem tá nem aí pros críticos dos “Menas”
pro uso do plural ou do português formal
Sua voz rouca sempre se preocupou apenas
em falar a linguagem popular, coloquial
E essa voz lá do A B C, e de Diadema
estrondosa, em pouco tempo se expandiu
pra sacudir os alicérceres do sistema
ultrapassado, autoritário no seu Brasil
Rouca de tão indignada, inconformada
essa voz vai de Porto alegre à Macapá
dizer que a Mãe Pátria tão Idolatrada
precisava urgentemente de Diretas Já

Com Ulysses, Montoro, Tancredo, Brizola
vai ver ruas e logradouros dessa nação
caminhando e cantando com bandeirola
verde-amarela e a rubra cor do coração
Em oitenta e seis, país redemocratizado
o ex-retirante de Garanhúns, dos Caetés
é eleito como o deputado mais votado
e se tornará na Constituinte Nota Dez
A Nota Dez como Constituinte Deputado
foi porque Lula sempre votou a favor
do Direito, do Sindicato, do Assalariado
pela Reforma Agrária e pelo Trabalhador
Em oitenta e nove o Deputado Sindicalista
com apoio das Pastorais e ciente cidadão
sai candidato às eleições presidencialistas
e por muito pouco não ganha aquela eleição
Collor e Lula, na Globo, em 89. Boni recentemente assumiu que o debate foi manipulado pela emissora em favor de Collor.
Na campanha presidencialista desse ano
muito longe de se criticar um cidadão
o que se viu foi a agressão ao ser humano
por parte do candidato da elite, do patrão
Se não fosse os festivais de baixarias
mesquinharias, calúnias, tanta difamação
certamente que o ex-retirante venceria
aquela historica e antológica eleição
Quem não se lembra de inúmeros companheiros
nos canteiros de obras e em todo lugar
vendendo botons, arrecadando dinheiro
pra poder manter uma candidatura popular?
E tal pleito inesquecível e antológico
além do preconceito religioso e social
também cambou pros campos ideológicos
e pior ainda, pro lado pessoal, imoral
Claro que o candidato da elite reacionária
com a mídia global abusando da manipulação
e fazendo uso de campanha multi-milionária
acabou sendo eleito presidente da nação
Porém, o consciente eleitorado brasileiro
sempre lembra de um candidato sem tostão
vendendo camisas, bandeiras pelos canteiros
em campanha contra o sujeito do milhão
I V
O sujeito eleito com o apoio das elites
como tava previsto, foi um desastre total
também algo como qualquer coisa de triste
por ter sido precursor de um neoliberal
Pra fiscalizar os atos de Collor de Mello
confisqueiro, fanfarrista que descoloriu
Lula consegue montar Governo Paralelo
com notáveis personalidades desse Brasil
Acompanhando os acontecimentos de Brasília
se descobre que o presidente da nação
além do ministério, montou uma quadrilha
o que foi denunciado pelo seu próprio irmão
Depois que as denúncias foram comprovadas
Lula, os trabalhadores, a sociedade civil
se UNEm a um pessoal que com cara pintada
representava a força do movimento estudantil

Após Collor ser processado, e Impeachmado
Lula, em Caravana Cidadã, sai por aí
conhecendo a realidade de cada Estado
Brasil afora, desde o Oiapoque até o Chuí
Naquela conhecido Caravana da Cidadania
também das estradas empoeiradas e ramais
o ex-retirante em tempo presente vivencia
todas as carências das massas populacionais
E essa viagem importantíssima, histórica
em caminhadas por rios, estradas, serviu
para que sua voz fosse além da retórica
dos políticos oligarcas do seu Brasil
Noventa e quatro e noventa e oito novamente
Lula, pelo clamor popular volta a viver
o drama de quem se candidata a presidente
contra todos os esquemas dos donos do poder
Nesses quatro anos, ele perde os dois pleitos
e num repeteco: O do tostão contra o milhão
Perde aleição presidencial para um sujeito
poligrota dissimulado, neoliberal, vendilhão



Postura digna de respeitável oposicionista
Lula deixa claro sua extrema indignação
contra a nefasta política entreguista
de quem se notabilizou pela privatização
Nos oito anos dessa política entreguista,
com desemprego em massa e arrocho salarial
a voz desse ex-retirante e sindicalista
representava toda a insatisfação nacional
Fernando Henrique debochado de salto alto
batendo o martelo vendia tudo em leilão,
vendeu, inclusive, o Palácio do Planalto
pra aprovar indecente emenda da reeleição
Nesse tempo de política da terra arrazada,
apoiada por rolo compressor congressual
restava apenas a voz rouca e inconformada
do operário, líder nacional e sindical
E Lula, com toda sociedade organizada
mais a gente de Diadema e do ABC,
dizem à nefasta prática da Terra Arrazada
um “não” ao governo neoliberal de FHC
E dizem não à burrice e à incompetência
de quem provocou apagão de energia, luz
e conseguiu levar à absoluta falencia
o Sistema Único de Saude, o SUS
V
Com sua atuação historicamente notável
dizia um sonoro não ao sistema neoliberal
que buscava uma condição desfavorável
para privatizar a Previdência Social
Em dois mil e dois, Lula sai novamente
como candidato às eleições presidenciais
enfrentando as baixarias de um oponente
defensor dos leilões e vendas de estatais
Candidato dos Trabalhadores e da juventude
Lula enfrentou a arrogância irracional
alguém que como o pior ministro da saúde
levou o SUS, já capenga, ao caos total
Mas dessa vez, o brasileiro elege o homem
que pela origem, teve baixa escolarização
Um cidadão que mesmo tendo passado fome
é um modelo de luta, coragem, superação
E Lula, que soube fazer acontecer a hora
mesmo não tendo universitária formação
dentro do Supremo Tribunal Federal chora
ao ser Diplomado Presidente da Nação
Nação que muito embora praticamente falida
tinha clara certeza que iria se levantar
com muito trabalho, com esperança e vida
e com aquela intensa vondade de tudo mudar
O desemprego em massa, real desvalorizado
inflação em alta, desprestígio internacional
e sem falar no patrimônio público dilapidado
foram heranças malditas do governo neoliberal
E após ser eleito com esmagadora maioria
uma das primeiras iniciativas presidenciais
foi suspender imediatamente a privataria
Venda do patrimônio público das estatais
Presidente preocupado não deu menor sossego
aos problemas que herdou do seu antecessor
nos incrementos na geração de renda e emprego,
carteiras assinada pro cidadão trabalhador
Com uma política que dava todo incentivo
às necessidades básicas da população
buscou aumentar o poder aquisitivo
com reajuste salarial acima da inflação
Nos oito anos de Luís Inácio Presidente
um setor da população teve atenção especial:
a gente humilde, despossuida, bem carente
a que mais sofreu no governo neoliberal

Lula e o ex-presidente de Gana recebem premiação por trabalho no combate à fome
Lula implementou um audacioso programa
de assistencia mínina ao carente cidadão
que historicamente sempre viveu o drama
do abandono, do descaso, total exclusão
O Bolsa Família, programa social, humano
é claro que não resolve a vida da população
mas alivia em parte o caos que os tucanos
provocaram aos mais carentes dessa nação
Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara
*Jetro é colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Ventos do Marajó“.

Nenhum comentário:

Postar um comentário