quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O parto domiciliar e mais um desserviço da Óia

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http://www.viomundo.com.br/denuncias/denise-niy-mais-um-desservico-da-veja.html



28 de setembro de 2011

Mais um desserviço da Veja


Por Denise Niy

Como mulher, mãe e ativista do parto ativo, sinto-me na obrigação de denunciar mais um desserviço prestado pela Veja, na matéria publicada recentemente sob o título “Parto domicilar: quando o risco não é necessário”. Como sempre, a matéria abunda em julgamentos baseados em ignorância e mentiras.
Bem, não preciso me alongar, pois felizmente já foi publicada uma outra matéria que traz excelente contraponto à Veja, com bases firmes na ciência, na informação e na cidadania:
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-domiciliar-refletindo-sobre-paradigmas/ Porém, é evidente que o canal de publicação deste contraponto tem muito menos visibilidade que a Veja e por isso sugiro a divulgação desse texto de autoria da Dra. Melania Amorim.
Muito obrigada!
*****
Trecho:
“Quando começamos a escrever esta coluna para o Guia do Bebê, em 2010, nosso primeiro artigo abordou um assunto que começava então a despertar o interesse da mídia brasileira: o parto domiciliar. Na oportunidade, revisamos as evidências científicas disponíveis e concluímos que o parto domiciliar, uma realidade frequente em outros países, como Holanda, Inglaterra e Canadá, representava uma alternativa segura para as gestantes de baixo risco, resultando em menor taxa de intervenções como episiotomia, analgesia, operação cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e bebês. Destacamos a publicação, em 2009, de um grande estudo de coorte comparando mais de 500.000 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo risco, no qual não se verificou diferença significativa no risco de morte fetal intraparto, morte neonatal precoce e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal.
Interrompendo temporariamente nossa série de artigos sobre Parto Normal vs. Cesárea, voltamos agora a abordar este tema, que recentemente retoma a atenção da mídia despertando intensa polêmica, depois da publicação de matéria online no site da maior revista de atualidades brasileira, com o título sensacionalista “Parto domiciliar: quando o risco não é necessário”. Depois de publicar uma controvertida matéria sobre os milagrosos efeitos de uma medicação antiobesidade que não é aceita pela comunidade científica com esta finalidade a revista volta a fazer incursões na área de saúde, mas desta vez em paz com os “conselhos de medicina”, ao alertar que o parto domiciliar estaria expondo mulheres e crianças a “complicações que podem ser graves”.
À parte considerações puramente semânticas às quais não iremos nos ater, a matéria presta um desserviço à população com suas afirmações categóricas e sem embasamento científico, em que se confundem mau jornalismo e julgamentos apressados, além de um amontoado de lugares-comuns, como exemplificado no seguinte trecho do primeiro parágrafo: “Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.”
Ora, quem ditou essa regra que as transgressoras “moradoras de grandes centros urbanos” resolvem agora “questionar e ignorar”, defendendo o “parto à moda antiga”? Por que a revista afirma que hospitais são os “lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças”? Por que os representantes de conselhos e sociedades batem tanto na tecla de “riscos eminentes”? Seriam os riscos tão importantes assim ou foi somente um erro de grafia?”

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