domingo, 26 de junho de 2011

Direção-Geral da FAO: Brasil conquista seu primeiro posto de relevo entre as organizações internacionais

Notícia maravilhosda! Viva a vitória de Graziano!

Uma nova mentalidade ocupando a Direção-Geral da FAO e mais um belo pontapé nos defensores das políticas de Mr. Market.




http://pkeconomists.com/wp-content/uploads/2011/03/fao_logo.jpg

 

UOL, 26/06/2011 - 10h33

José Graziano da Silva é o novo diretor geral da FAO


Roma, 26 Jun 2011 (AFP) - Pela primeira vez desde que foi fundada em 1945, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), será presidida por um latino-americano, o brasileiro José Graziano da Silva, que terá o desafio de erradicar ou pelo menos reduzir a fome no mundo. O brasileiro, que obteve 92 votos contra 88 do ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, recebeu o apoio da América Latina e dos chamados "países não-alinhados" do G-77, entre eles, boa parte da África e Indonésia.

"Não sou mais o candidato do Brasil, sou o diretor-geral de todos os países", declarou José Graziano em espanhol, visivelmente emocionado após a divulgação do resultado. O brasileiro foi um dos principais técnicos do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois foi assessor especial da Presidência da República. "Com o passar dos anos aprendi que é preciso caminharmos juntos, obter o consenso, para conquistar os objetivos", acrescentou José Graziano depois de agradecer aos países latino-americanos, africanos, de língua portuguesa e, inclusive, aos países europeus e desenvolvidos. "Foi um exercício democrático e soberano", disse.

O brasileiro, ex-coordenador do "Fome Zero", era um dos grandes favoritos para suceder o senegalês Jacques Diouf, que ocupava o posto de diretor-geral da FAO há 17 anos. Nascido em 17 novembro de 1949, José Graziano ocupa o posto de representante regional e vice-diretor da FAO desde março de 2006. Durante sua permanência na FAO o brasileiro conseguiu que os países de América Latina e Caribe fossem os primeiros em nível mundial a assumir o compromisso de erradicar a fome antes de 2025.

Na apresentação de seu programa, Graziano admitiu que "houve um longo período de negligência com a agricultura, a pesca, as florestas e em desenvolvimento rural e segurança alimentar" no mundo. "A recente crise econômica global e a crise de alimentos é um alerta para que acordemos. Lembra-nos que estamos interconectados, e isso é mais evidente na alimentação e na agricultura", disse na véspera ao apresentar seu programa.

Graziano é doutor em Economia pela Unicamp e foi professor titular de Economia Agrícola da mesma universidade. Cursou pós-graduação na Universidade da Califórnia e no Instituto de Estudos Latino-Americanos da University College de Londres.

No total seis candidatos participaram do primeiro turno, após o qual quatro desistiram: Franz Fischler (Áustria), Indroyono Soesilo (Indonésia), Mohammad Saeid Noori Naeini (Irã), Abdul Latif Rashid (Iraque). "Precisamos de uma FAO forte e efetiva", disse durante a campanha Graziano, assegurando que durante os 42 meses de sua eventual gestão concluiria a reforma da organização, que ele conhece como poucos por ter sido diretor regional.

"Estou convencido, com base em minha experiência no Brasil e em outros países, que erradicar a fome é uma meta razoável e alcançável", afirmou Graziano, recebendo muitos aplausos.

A eleição do novo diretor-geral --que assumirá o cargo em 1º de janeiro de 2012 e permanecerá até julho de 2015--, foi realizada durante a 37ª Sessão da Conferência da FAO, que será concluída no dia 2 de julho.

Domingo, 26 de Junho de 2011

VITORIA DE GRAZIANO AMPLIA AÇÃO GLOBAL DO PAÍS, PROJETA DILMA E FAVORECE O PASSO SEGUINTE DE LULA
  
 

Numa eleição acirrada, o ex-ministro do governo Lula, José Graziano da Silva, superou o adversário espanhol, Miguel Angel Moratinos, na disputa pela sucessão de Jacques Diouf, no comando da FAO, por 92 votos a 88. O Brasil conquista assim seu primeiro posto de relevo entre as organizações internacionais. Graziano era o candidato dos países pobres que lutam  contra o subdesenvolvimento  e o poder neocolonial nos mercados mundiais, sobretudo de alimentos e matérias-primas. Não por acaso, pouco antes da votação, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, sem abrir o voto dos EUA, elogiou o candidato espanhol Miguel Angel Moratinos, porta-voz da Europa e dos interesses dos países ricos. A vitória brasileira reposiciona o papel da FAO na política internacional. O que se espera agora é um organismo renovado que passe a ecoar, de fato, os interesses Sul-Sul,  na luta pelo desenvolvimento, por segurança alimentar e  justiça social. Graziano é um crítico da especulação financeira decorrente da desregulação do sistema bancário promovida pelo neoliberalismo. Ao contrário de seu adversário espanhol, em diversos pronunciamentos e artigos ele destacou a influência nefasta dos capitais especulativos na formação dos preços dos alimentos, gerando flutuações abruptas que asfixiam consumidores e produtores dos países pobres. A vitória do ex-ministro e amigo pessoal de Lula não pode ser entendida sem o pano de fundo da crise mundial que evidenciou o crepúsculo de uma agenda ortodoxa que até então subordinava o destino das nações e do desenvolvimento aos interesses financeiros internacionais.  A sucessão na FAO influenciará inclusive a trajetória de Lula que trabalhou intensamente nos bastidores da campanha, em contatos com líderes e governantes, sobretudo da África e América Latina. O líder brasileiro passa a ter na FAO, certamente,  uma âncora institucional para seus projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento e a luta contra a pobreza e a fome. Para o governo Dilma, que se empenhou decididamente na eleição de Graziano, deslocando ministros e o chanceler Patriota a vários pontos do planeta, numa ação centralizada no Itamaraty, é um trunfo da competência brasileira na política externa. Ele reafirma o Brasil como líder dos países pobres, um interlocutor cada vez mais relevante da agenda do desenvolvimento no século.


José Graziano é eleito diretor-geral da FAO


Alex Rodrigues - Agência Brasil
 
O agrônomo brasileiro José Graziano, de 61 anos, foi eleito hoje (26) o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Ex-ministro de Segurança Alimentar do governo Lula, Graziano ocupará o cargo no período de janeiro de 2012 a julho de 2015. Desde 2006, ele atuava como representante da agência na América Latina e no caribe. A eleição ocorreu hoje durante a 37ª Conferência da FAO, evento que começou ontem (26), em Roma. Com o apoio do governo brasileiro, Graziano recebeu 92 dos 180 votos. O segundo colocado foi o ex-ministro de Relações Exteriores espanhol Miguel Ángel Moratinos. Inicialmente também concorriam ao posto o austríaco Franz Fischler, o indonésio Indroyono Soesilo, o iraniano Mohammad Saeid Noori Naeini e o iraquiano Abdul Latif Rashid. Indicado para o cargo pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado, Graziano vai substituir o senegalês Jacques Diouf, que permaneceu por 17 a anos à frente da agência. Ele deixará a direção do órgão em um momento em que a alta nos preços de alimentos tornou-se uma preocupação global, discutida nos principais foros internacionais.

Criada em 16 de outubro de 1945, a FAO concentra os esforços dos 191 países membros, mais a Comunidade Europeia, pela erradicação da fome e da insegurança alimentar. Na agência, que funciona como um fórum neutro, os países desenvolvidos e em desenvolvimento se reúnem para para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas. O orçamento enxuto da agência, se comparado ao de outras instâncias da ONU, é considerado um dos entraves à atuação mais abrangente do órgão. Para o biênio 2010/2011, a FAO conta com orçamento de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) , com mais US$ 1,2 (R$ 1,9 bilhão) advindos de doações voluntárias. Outro problema com o qual Graziano deverá lidar são as divergências entre os países quanto à produção de biocombustíveis (apontados por algumas nações como os principais causadores da inflação nos alimentos).

Eleição de Graziano é vitória da política externa do Brasil


Marco Aurélio Weissheimer

A eleição de José Graziano da Silva para a direção-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) é uma vitória da política externa brasileira, do governo da presidenta Dilma Rousseff e da agricultura brasileira, disse à Carta Maior o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Alto Representante-Geral do Mercosul. “A eleição de Graziano significa o reconhecimento da importância do Brasil na área da agricultura, tanto na agricultura voltada para a exportação, quanto na agricultura familiar, onde o país teve um grande desenvolvimento agrário e social nos últimos anos, com programas altamente eficientes”. Samuel Pinheiro Guimarães enfatizou o significado da escolha para a política externa brasileira. “A eleição do doutor Graziano significa o reconhecimento do êxito da política externa da presidenta Dilma. Disputamos essa eleição com um candidato muito forte (o espanhol Miguel Anges Moratinos). Foi uma disputa política muito dura onde só um vence. É preciso que se reconheça isso internamente. Foi uma vitória do governo e do Brasil”.

José Graziano da Silva assumirá a FAO num momento em que a segurança alimentar mundial voltou a ser tema de preocupação em virtude do preço dos alimentos. Samuel Pinheiro Guimarães lembrou que há uma demanda crescente por alimentos no mundo, o que abre uma grande oportunidade para o Brasil. “Temos a oportunidade de aproveitar essa situação para gerar receita para o país. Internamente, devemos aproveitar para agregar valor aos nossos principais produtos, como açúcar, soja e outros”. O Alto Representante-Geral do Mercosul também destacou a importância da eleição de Graziano para as políticas de integração na área da agricultura que vem sendo implementadas no bloco sulamericano.Isso naturalmente vai facilitar o aprofundamento dessas políticas que avançaram bastante nos últimos anos. Já uma cooperação muito estreita nesta área no âmbito do Mercosul, com um intercâmbio muito importante de experiências como o Programa de Aquisição de Alimentos e as políticas de micro-crédito”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário