quarta-feira, 30 de março de 2011

As últimas 24h de Zé Alencar

http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2011/03/30/ultimas-24-horas-de-jose-alencar/

Últimas 24 horas de José Alencar

Segunda-feira, dia 28, 14 horas. Com fortes dores abdominais, José Alencar chegou de ambulância para ser internado mais uma vez no Hospital Sírio-Libanês.
A equipe médica rapidamente se reuniu na UTI e avaliou a gravidade do quadro - tão grave, que não havia mais nada a fazer, a não ser sedar o paciente com morfina para que ele não sofresse com as dores.
O ex-vice-presidente estava consciente ao chegar e mostrou bom humor quando fez seu último comentário aos médicos, antes de receber o medicamento:
” O doutor Raul não vai falar nada? Se o doutor Raul não está falando nada é porque estou mal, a situação deve ser grave mesmo…
Terça-feira, dia 29, por volta das 14h30 horas. O médico Raul Cutait, 61 anos de idade e 37 de medicina, que cuidava de José Alencar desde a sua primeira cirurgia, em 1997, e passou com ele as últimas 24 horas, recebe uma ligação do ex-presidente Lula, querendo saber notícias do seu amigo.
Dez minutos depois, Cuitait daria a notícia da morte de José Alencar a Lula, que começou a chorar ao telefone.
A imbatível dona Marisa, acompanhada dos filhos Josué, Patrícia e Maria da Graça, ficou ao lado do marido até o fim. Nas muitas visitas que fiz a ele no Hospital Sírio-Libanês, nos últimos dois anos, nunca o encontrei sem a mulher a seu lado.
A última vez, umas duas semanas atrás, foi no dia em que Alencar, cansado de tomar remédios e se submeter a tratamentos dolorosos que já não faziam mais efeito, decidiu comunicar aos médicos que preferia voltar para casa.
Queria apenas que a família lhe providenciasse uma garrafa da cachaça “Maria da Cruz”, que ele mesmo fabricava, para tomar um “golo”, como ele dizia, com os amigos.
A companheira de mais de 50 anos só não estava com ele no momento em que foi internado na segunda-feira porque tinha passado a noite em claro a seu lado, e queria descansar um pouco antes de ir para o hospital.
No final da tarde, quando ela chegou, o quadro médico já era gravíssimo. “Procuramos apenas dar conforto ao paciente”, lembrou Cutait, na manhã desta quarta-feira, ao me relatar os últimos momentos da vida de José Alencar, de quem ficou muito amigo também.
Na hora do almoço de terça-feira, fui informado por um amigo que estava no hospital, o eterno assessor Adriano Silva, que já não havia mais esperanças de que Alencar conseguisse sobreviver a mais um dia, como tantas vezes aconteceu antes.
Ao saber da notícia de sua morte, fiz apenas um breve registro no Balaio. Tudo o que tinha a dizer sobre José Alencar Gomes da Silva escrevi enquanto ele estava vivo, em inúmeros posts nos quais os leitores puderam acompanhar a sua longa luta contra o câncer.
É fácil falar das pessoas depois que morrem, porque todo mundo fica bom depois que morre. Mas o Zé Alencar era bom em vida”, disse Lula sobre seu melhor amigo, e disse tudo. Faço minhas as palavras do ex-presidente.
Os dois, Lula e Alencar, eram os melhores amigos um do outro -  um exemplo raro na vida, raríssimo na política.
.....

UOL, 30/03/2011

Ao lado de Dilma, Lula chora ao lado do caixão de José Alencar

Do UOL Notícias
Em Brasília e São Paulo



Muito emocionado, Lula beija José Alencar na chegada ao velório no Palácio do Planalto. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Muito emocionado, Lula beija José Alencar na chegada ao velório no Palácio do Planalto

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estavam em Portugal, chegaram em Brasília por volta das 21h05 desta quarta-feira (30) para acompanhar o velório do ex-vice-presidente José Alencar, morto ontem, aos 79 anos, em São Paulo. Cerca de 15 minutos depois, Dilma e Lula chegaram, de helicóptero, ao Palácio do Planalto. Assim como ocorreu pela manhã, uma missa está sendo realizada no local e, após a cerimônia, o velório deve ser finalizado.
Lula chorou na chegada e durante a missa, Dilma abraçou e conversou bastante com a viúva de Alencar, Mariza Gomes da Silva. O ex-presidente também beijou Alencar.
A segurança do Planalto informou que 6.800 pessoas passaram pelo funeral até por volta das 21h de hoje. A visitação pública chegou a ser interrompida para a chegada de Dilma e Lula, mas voltou a ser aberta para a cerimônia, que começou às 21h30.

Nenhum comentário:

Postar um comentário