sábado, 19 de fevereiro de 2011

Wisconsin canta que o povo não é bobo

Cada país com a sua 'Rede Globo'...



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Vejam neste link o video do protesto. Gritam "Fox lies"

http://www.youtube.com/watch?v=Qz3v3Paar_M



http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/heloisa-villela-wisconsin-canta-que-o-povo-nao-e-bobo.html

19 de fevereiro de 2011 às 22:41

Wisconsin canta que o povo não é bobo

por Heloisa Villela, de Washington

O vídeo que está aqui (vejam melhor pelo link acima (Ivan)) me lembrou os tempos de “O povo não é bobo…”, na Candelária, no Rio de Janeiro. Eu trabalhava no jornal O Globo naquela época. Não levava laudas com o logotipo do jornal para as assembléias de sindicatos de jeito nenhum. Se me perguntassem, dizia que era de outro jornal qualquer. A Fox, aqui nos Estados Unidos, já está tão associada com os radicais de direita, com as idéias defendidas por Sarah Palin e seus colegas do Tea Party, com a insistente distorção dos fatos até que virem verdade (como chamar a reforma da saúde proposta por Obama de socialista) que os manifestantes, em Wisconsin, gritaram durante quase toda a transmissão ao vivo do repórter da Fox, dizendo que a rede mente. E por que o protesto?
O governador Scott Walker é republicano. Foi eleito em novembro. Durante a campanha, nunca falou em combater os sindicatos ou pagar as contas do estado com a ajuda compulsória dos funcionários públicos. (Detalhe: Wisconsin não está no vermelho como tantos outros estados. E acaba de dar corte de impostos de presente aos pequenos empresários). Mas o governador propôs mudanças que provocaram reação violenta. O que está em jogo: reduzir, e muito, o poder de barganha dos sindicatos que representam o funcionalismo público estadual  e aumentar o percentual de desconto em folha para programas de saúde e aposentadoria. Scott Walker tomou posse em janeiro e, com ele, uma câmara estadual dominada pelos republicanos. Juntos, eles decidiram botar em prática, no estado, a plataforma republicana para o país.
O ex-presidente Teddy Roosevel  costumava se referir a Wisconsin como laboratório da democracia. Foi em Wisconsin que nasceu, em 1930, a AFSCME, maior central sindical de funcionários públicos e profissionais de saúde do país. O sindicato dos professores do estado é dos mais fortes dos Estados Unidos. E Wisconsin está entre os dez estados do país onde o sindicalismo é mais ativo. Não é coincidência. Se os republicanos conseguirem enfraquecer os sindicatos de Wisconsin, o efeito dominó é certo. O que está acontecendo em Wisconsin pode dar uma ideia do que vem por aí. Das iniciativas republicanas e da resposta popular.
Para combater a recessão, os republicanos pregam redução de impostos (para empresas e pessoas físicas), cortes nos programas sociais e ataque aos sindicatos, para impedir que conquistem aumentos salariais.
Em Wisconsin, a primeira tentativa de votar a mudança proposta pelo governador foi adiada e os manifestantes foram até o parlamento local, em passeata, no dia 14, segunda-feira. Daí em diante, a manifestação só aumentou. Mais e mais gente está se juntando ao protesto. Os democratas, que são minoria, cruzaram a fronteira do estado. Estão em um hotel, em Illinois, para obrigar o adiamento da votação. E dizem que só voltam a Wisconsin quando os republicanos oferecerem algum tipo de acordo que leve em conta as reivindicações dos manifestantes. Eles aceitam o aumento das contribuições, mas são contra o ataque aos sindicatos.
É uma luta que está apenas começando, mas já reflete o que pode acontecer em Washington. O presidente Barack Obama enviou uma proposta de orçamento bastante conservadora ao Congresso. Ainda assim, a Câmara, agora dominada pelos republicanos, cortou 60 bilhões de dólares do projeto. Mas no Senado, quem tem maioria são os democratas. Eles devem barrar as mudanças. E o Presidente, que tem poder de veto, já prometeu usar a prerrogativa. Acontece que o orçamento precisa ser aprovado nas duas casas para entrar em vigor. Se não houver acordo, Obama pode se ver na mesma situação que o ex-presidente Bill Clinton enfrentou no primeiro mandato: a paralisação do governo. Por falta de orçamento, as atividades públicas param.
Na época, o Congresso culpou o presidente pela paralisação e Clinton culpou o Congresso. E foi ele que saiu ganhando. A popularidade de Clinton subiu e os republicanos tiveram que ceder. Mas Barack Obama não é Bill Clinton. E a conjuntura é bastante diferente. O atual governo tomou posse no momento em que o país já estava mergulhado em uma crise econômica da qual ainda não saiu. O desemprego aumentou, o medo do amanhã é grande, muita gente perdeu a casa em que morava…
Existe muita desilusão e raiva no ar. Os índices de popularidade do Congresso e do Presidente continuam caindo. Se mantiver uma postura firme, Obama ainda pode sair ganhando. Mas se Wisconsin é mesmo o grande laboratório da democracia americana, é bom ficar de olho em Russ Feingold. Depois de passar 18 anos no Senado, ele perdeu a eleição em novembro passado.
Feingold contrariou a regra. Ao contrário de se tornar consultor de Wall Street, lobista ou algo que o valha, como todos os ex-políticos fazem, ele foi dar aula na universidade, está escrevendo um livro sobre política externa e, na semana passada, lançou um novo movimento político chamado Progressistas Unidos. Feingold tem um grande inimigo na mira: a decisão da Suprema Corte, chamada Citizens United, que autorizou o investimento das corporações nas campanhas eleitorais sem que os políticos tenham que listar de quem receberam dinheiro. E foi assim que ele explicou, ao Huffington Post, a decisão:
“Na minha visão – e na de muitas outras pessoas – foi uma das decisões mais ilegais da história do nosso país. A idéia de permitir que as corporações tenham influência ilimitada na nossa democracia é muito perigosa, obviamente. As coisas eram assim há 100 anos, nos Estados Unidos, com um grande poder das coporações, dos negócios, das empresas de petróleo e outras. Mas agora, é a Era do Ouro turbinada com esteróides”.
O ex-senador está na rua, com os manifestantes de Wisconsin.
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http://www6.ufrgs.br/vies/wp-content/uploads/2010/12/michaelmoore.jpg

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/michael-moore-convoca-os-jovens-rebelem-se.html



19 de fevereiro de 2011
 

Michael Moore convoca os jovens: Rebelem-se!

Juntem-se ao meu “Jornal da Escola”!
18/2/2011, Michael Moore, em sua página

Traduzido pelo coletivo da Vila Vudu

Caros Estudantes:
Que inspiração, a de vocês, que se uniram aos milhares de estudantes das escolas de Wisconsin e saíram andando das salas de aula há quatro dias e agora estão ocupando o prédio do State Capitol e arredores, em Madison, exigindo que o governador pare de assaltar os professores e outros funcionários públicos (matéria em http://www.truth-out.org/watch-live-blog-wisconsin-protest-rally-madison-wisconsin67866  e foto (ótima!) em http://twitpic.com/40tax9)!
Tenho de dizer que é das coisas mais entusiasmantes que vi acontecer em anos.
Vivemos hoje um fantástico momento histórico. E aconteceu porque os jovens em todo o mundo decidiram que, para eles, basta. Os jovens estão em rebelião – e é mais que hora!
Vocês, os estudantes, os adultos jovens, do Cairo no Egito, a Madison no Wisconsin, estão começando a erguer a cabeça, tomar as ruas, organizar-se, protestar e recusar a dar um passo de volta para casa, se não forem ouvidos. Totalmente sensacional!!
O poder está tremendo de medo, os adultos maduros e velhos tão convencidos que que fizeram um baita trabalho ao calar vocês, distraí-los com quantidades enormes de bobagens até que vocês se sentissem inpotentes, mais uma engrenagem da máquina, mais um tijolo do muro. Alimentaram vocês com quantidades absurdas de propaganda sobre “como o sistema funciona” e mais tantas mentiras sobre o que aconteceu na história, que estou admirado de vocês terem derrotado tamanha quantidade de lixo e estejam afinal vendo as coisas como as coisas são. Fizeram o que fizeram, na esperança de que vocês ficariam de bico fechado, entrariam na linha e obedeceriam ordens e não sacudiriam o bote. Porque, se agitassem muito, não conseguiriam arranjar um bom emprego! Acabariam na rua, um freak a mais. Disseram que a política é suja e que um homem sozinho nunca faria diferença.
E por alguma razão bela, desconhecida, vocês recusaram-se a ouvir. Talvez porque vocês deram-se conta que nós, os adultos maduros, lhes estamos entregando um mundo cada vez mais miserável, as calotas polares derretidas, salários de fome, guerras e cada vez mais guerras, e planos para empurrá-los para a vida, aos 18 anos, cada um de vocês já carregando a dívida astronômica do custo da formação universitária que vocês terão de pagar ou morrerão tentando pagar.
Como se não bastasse, vocês ouviram os adultos maduros dizer que vocês talvez não consigam casar legalmente com quem escolherem para casar, que o corpo de vocês não pertence a vocês, e que, se um negro chegou à Casa Branca, só pode ter sido falcatrua, porque ele é imigrado ilegal que veio do Quênia.
Sim, pelo que estou vendo, a maioria de vocês rejeitou todo esse lixo. Não esqueçam que foram vocês, os adultos jovens, que elegeram Barack Obama. Primeiro, formaram um exército de voluntários para conseguir a indicação dele como candidato. Depois, foram as urnas em números recordes, em novembro de 2008. Vocês sabem que o único grupo da população branca dos EUA no qual Obama teve maioria de votos foi o dos jovens entre 18 e 29 anos? A maioria de todos os brancos com mais de 29 anos nos EUA votaram em McCain – e Obama foi eleito, mesmo assim!
Como pode ter acontecido? Porque há mais eleitores jovens em todos os grupos étnicos – e eles foram às urnas e, contados os votos, viu-se que haviam derrotado os brancos mais velhos assustados, que simplesmente jamais admitiriam ter no Salão Oval alguém chamado Hussein. Obrigado, aos eleitores jovens dos EUA, por terem operado esse prodígio!
Os adultos jovens, em todos os cantos do mundo, principalmente no Oriente Médio, tomaram as ruas e derrubaram ditaduras. E, isso, sem disparar um único tiro. A coragem deles inspira outros. Vivemos hoje momento de imensa força, nesse instante, uma onda empurrada por adultos jovens está em marcha e não será detida.
Apesar de eu, há muito, já não ser adulto jovem, senti-me tão fortalecido pelos acontecimentos recentes no mundo, que quero também dar uma mão.
Decidi que uma parte da minha página na Internet será entregue aos estudantes de nível médio para que eles – vocês – tenham meios para falar a milhões de pessoas. Há muito tempo procuro um meio de dar voz aos adolescentes e adultos jovens, que não têm espaço na mídia-empresa. Por que a opinião dos adolescentes e adultos jovens é considerada menos válida, na mídia-empresa, que a opinião dos adultos maduros e velhos?
Nas escolas de segundo grau em todos os EUA, os alunos têm ideias de como melhorar as coisas e questionam o que veem – e todas essas vozes e pensamentos são ou silenciadas ou ignoradas. Quantas vezes, nas escolas, o corpo de alunos é absolutamente ignorado? Quantos estudantes tentam falar, levantar-se em defesa de uma ou outra ideia, tentar consertar uma coisa ou outra – e sempre acabam sendo vozes ignoradas pelos que estão no poder ou pelos outros alunos?
Muitas vezes vi, ao longo dos anos, alunos que tentam participar no processo democrático, e logo ouvem que colégios não são democracias e que alunos não têm direitos (mesmo depois de a Suprema Corte ter declarado que nenhum aluno ou aluna perde seus direitos civis “ao adentrar o prédio da escola”).
Sempre fico abismado ao ver o quanto os adultos maduros e velhos falam aos jovens sobre a grande “democracia” dos EUA. E depois, quando os estudantes querem participar daquela “democracia”, sempre aparece alguém para lembrá-los de que não são cidadãos plenos e que devem comportar-se, mais ou menos, como servos semi-incapazes. Não surpreende que tantos jovens, quando se tornam adultos maduros, não se interessem por participar do sistema político – porque foram ensinados pelo exemplo, ao longo de 12 anos da vida, que são incompetentes para emitir opiniões em todos os assuntos que os afetam.
Gostamos de dizer que há nos EUA essa grande “imprensa livre”. Mas que liberdade há para produzir jornais de escolas de segundo gráu? Quem é livre para escrever em jornal ou blog sobre o que bem entender? Muitas vezes recebo matérias escritas por adolescentes, que não puderam ser publicadas em seus jornais de escola. Por que não? Porque alguém teria direito de silenciar e de esconder as opiniões dos adolescentes e adultos jovens nos EUA?
Em outros países, é diferente. Na Áustria, no Brasil, na Nicarágua, a idade mínima para votar é 16 anos. Na França, os estudantes conseguem parar o país, simplesmente saindo das escolas e marchando pelas ruas.
Mas aqui, nos EUA, os jovens são mandados obedecer, sentar e deixar que os adultos maduros e velhos comandem o show.
Vamos mudar isso! Estou abrindo, na minha página, um “JORNAL DA ESCOLA” [orig. "HIGH SCHOOL NEWSPAPER", em http://mikeshighschoolnews.com/]. Ali, vocês podem escrever o que quiserem, e publicarei tudo. Também publicarei artigos que vocês tenham escrito e que foram rejeitados para publicação nos jornais das escolas de vocês. Na minha página vocês serão livres e haverá um fórum aberto, e quem quiser falar poderá falar para milhões.
Pedi que minha sobrinha Molly, de 17 anos, dê o pontapé inicial e cuide da página pelos primeiros seis meses. Ela vai escrever e pedirque vocês mandem suas histórias e ideias e selecionará várias para publicar em MichaelMoore.com. Ali estará a plataforma que vocês merecem. É uma honra para mim que se manifestem na minha página e espero que todos aproveitem.
Dizem que vocês são “o futuro”. O futuro é hoje, aqui mesmo, já. Vocês já provaram que podem mudar o mundo. Aguentem firmes. É uma honra poder dar uma mão.

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