terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Na Líbia, regime de Gaddafi implode / Iraque é tomado por protestos

A primavera árabe se espalha

São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ONDA DE REVOLTAS

Regime de Gaddafi dá sinais de implosão

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O regime do ditador líbio Muammar Gaddafi, no poder há 41 anos, deu ontem sinais de implosão, após seis dias de uma revolta popular que deixou ao menos 400 mortos e já paralisa a capital, Trípoli.
Embora insista em que a insurreição será reprimida "a qualquer custo", o governo enfrenta uma onda de deserções no gabinete, na Chancelaria, nas Forças Armadas e até nas tribos que compõem uma das bases do regime.
Gaddafi falou à TV estatal ontem à noite para rebater rumores, veiculados ao longo do dia, de que teria fugido.
A aparição do ditador, dentro de um carro e segurando um guarda-chuva, durou apenas alguns segundos e enviou a mensagem de que ele ainda comanda o país.
Mas o uso da violência total contra manifestantes, inclusive com armas pesadas, não impediu o regime de perder o controle sobre áreas inteiras do território nacional, incluindo a segunda maior cidade, Benghazi.
A deserção mais importante até agora é a do ministro da Justiça, Mustafa Abud Al Jeleil. Segundo um jornal governista, Jeleil já se juntou aos protestos em Trípoli.
Sites oposicionistas dizem que um influente general está em prisão domiciliar por desobedecer ordens de atirar em manifestantes.
Dois pilotos da Força Aérea líbia fugiram a bordo de caças até a ilha de Malta, onde pediram asilo político.
Segundo a TV Al Jazeera, oficiais pediram a soldados que abandonassem o regime.
Gaddafi, que é o segundo chefe de governo mais longevo do mundo (o primeiro é o sultão de Brunei, há 43 anos no poder), também perdeu aliados diplomatas.
O embaixador-adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, exigiu que o ditador renuncie e pare de "matar a população líbia".
Dabbashi disse que não pretende abandonar o posto, mas deixou claro que a missão na ONU representa "o povo líbio, não Gaddafi".
Também teriam desertado os embaixadores na Índia, China, Indonésia e Polônia.
Anteontem, o embaixador líbio na Liga Árabe renunciou alegando que o regime comete um "genocídio".
A tribo Al Zuwayya, que ampara o regime no controle do leste líbio, ameaçou cortar exportações de petróleo se o governo não puser fim à "opressão dos protestos". As amplas reservas de petróleo sustentam o Estado líbio.

CERCO TOTAL
A mídia internacional enfrenta dificuldade para cobrir os conflitos, já que os raros jornalistas estrangeiros no país estão proibidos de sair da capital. Está banida a entrada de qualquer profissional de mídia no país.

O regime cortou a internet e praticamente inviabilizou a comunicação com telefones no exterior. Mas moradores de várias cidades estão conseguindo fazer conexões de internet improvisadas e usando telefones por satélite.
Testemunhas e ONGs de direitos humanos dizem que caças e helicópteros atacaram civis em Trípoli e Benghazi, o que foi negado por Saif al Islam, filho do ditador.
Segundo a TV Al Arabiya, 160 pessoas morreram ontem em choques só na capital, onde moradores fazem filas nas poucas lojas abertas para fazer estoques de alimentos.
Esparsos grupos de simpatizantes do regime caminharam ontem por Trípoli agitando bandeiras líbias e retratos de Gaddafi.
Em Benghazi, onde a revolta tomou forma há uma semana, manifestantes dizem ter assumido pleno controle da cidade, em meio a festejos e buzinaços.
Prédios do governo na cidade foram destruídos.
Governos de vários países estão retirando às pressas seus cidadãos do país. Enquanto esperam ser repatriados, milhares de turcos que moram em Benghazi estão abrigados num estádio.
.....

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/juan-cole-o-iraque-tomado-por-protestos.html

19 de fevereiro de 2011
 

O Iraque tomado por protestos

Juan Cole, Informed Comment

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

O que não consigo entender é que, se a direita dos EUA conseguiu fazer o que George W. Bush disse que faria, ‘deu o pontapé inicial’ para implantar alguma democracia no Oriente Médio, com invasão e ocupação militar, e já se declara pronta para sair de lá, com a missão cumprida… POR QUE, então, as multidões estão hoje na rua, queimando prédios do governo ‘democrático’… no Iraque?! E por que cinco pessoas foram mortas há dois dias no Iraque, por se manifestarem nas ruas, o mesmo número de mortos oficiais que se contaram nas manifestações populares contra uma monarquia ditatorial e repressiva, como a do Bahrain?
Os iraquianos estão nas ruas, em manifestações contra o governo de al-Maliki e a falta de serviços públicos, já há duas semanas. Mas na 5ª-feira, uma onda de manifestações varreu todo o país, de norte a sul, deixando dois mortos em Sulaimaniya e prédios governamentais em ruínas em todo o país (em árabe, em http://www.daralhayat.com/portalarticlendah/235500).
O jornal Al-Hayat noticia em árabe que a cidade de Kut, no sul xiita do Iraque (a capital da província de Wasite), multidões ameaçaram o quartel-general da província. A ação aconteceu um dia depois de o prédio do conselho provincial ser queimado; três manifestantes foram mortos pelas forças de segurança.
O canal Euronews mostrou em vídeo, na 4ª-feira, os eventos em Kut (em http://www.youtube.com/watch?v=aw0T0cblz4Y&feature=player_embedded).
O parlamento iraquiano marcou para o sábado o início de uma série de reuniões para discutir os protestos. O primeiro-ministro Nuri al-Maliki advertiu que forças sinistras, incontroláveis, tentam manipular as legítimas demandas do povo, para promover seus objetivos nefandos.
Em Kut na 3ª-feira, dúzias de manifestantes reuniram-se à frente da mansão do governador da província de Wasit, exigindo a demissão do governador local (em http://www.emg.rs/en/news/world/147633.html). Querem melhores serviços públicos, o fim da corrupção no governo (os funcionários da administração provincial cobram propinas para executar todas as tarefas públicas), julgamento e punição para os corruptos e empregos. Na 4ª-feira, a polícia matou três manifestantes e feriu vários em Kut, depois de um prédio do governo ser queimado.
Na 3ª-feira, na cidade de Nasar, na província de Dhi Qar, a 490 km ao sul de Bagdá, o chefe de polícia Sabah al-Fatlawi disse que havia sido imposto um toque de recolher, depois de vários prédios do governo terem sido incendiados.
Também na 3ª-feira, cerca de 600 manifestantes em Basra, cidade portuária do sul do Iraque, reuniram-se à frente da residência do governador provincial, exigindo sua renúncia, pelo fracasso da administração e inexistência de serviços públicos básicos. A manifestação foi dissolvida pela polícia.
O jornal Al-Hayat noticia que médicos informaram que houve dois mortos e mais de 30 feridos em Sulaimaniya, quando cerca de 3.000 manifestantes reuniram-se para exigir que o governo regional do Curdistão dê atenção aos problemas de desemprego e passe a trabalhar para melhorar as condições de vida dos moradores da região. A manifestação foi convocada pela “The Network for Safeguarding Rights and Liberties” – que protestava contra o governo autoritário dos dois partidos curdos reunidos na “Aliança Curda” de governo. No Iraque, os partidos políticos são máquinas de apadrinhamento, que excluem os não-membros de todos os benefícios e serviços. A manifestação exigia a deposição do governo e o fim da corrupção.
Na 2ª-feira, o clérigo xiita Muqtada al-Sadr convocara uma manifestação pacífica contra o que chamou de “continuada ocupação do Iraque pelos EUA”. Os Sadrists são a base de praticamente todas as manifestações nas cidades do sul do Iraque (em árabe, em http://www.sotaliraq.com/iraq-news.php?id=16284).

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