quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Urso nadou continuamente 687 km por 232 horas em águas geladas

UOL, 26/01/2011 - 08h18

DA BBC Brasil 

Um urso-polar nadou continuamente por nove dias em busca de gelo, cobrindo uma distância de 687 quilômetros, segundo zoólogos americanos.
Os pesquisadores, que estudavam os ursos-polares no entorno do mar de Beaufort, no norte do Alasca, afirmam que o feito pode ser um resultado do degelo provocado pelas mudanças climáticas.
Os ursos-polares são conhecidos por nadar entre a terra e icebergs para caçar focas. Mas os pesquisadores dizem que o crescente degelo nos polos está levando os animais a nadar distâncias cada vez maiores, arriscando a sua saúde e a de futuras gerações. 

Pesquisadores dizem que crescente degelo nos polos está levando ursos-polares a nadar distâncias cada vez maiores


No estudo, publicado na última edição da revista "Polar Biology", os pesquisadores do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) revelam a primeira evidência concreta de ursos-polares nadando longas distâncias.
"Esse urso específico nadou continuamente por 232 horas e 687 quilômetros em águas com temperaturas entre dois e seis graus Celsius", conta o zoólogo George M.Durner, um dos autores da pesquisa.
"Estamos impressionados com o fato de que um animal que passa a maior parte de seu tempo na superfície do mar congelado pudesse nadar constantemente por tanto tempo em águas tão frias. É realmente um feito incrível", diz.
 
VIAGEM COM GPS

Apesar de ursos-polares já terem sido observados em mar aberto no passado, esta é a primeira vez que a viagem completa foi seguida.
Com a ajuda de um colar com GPS colocado na fêmea de urso, os pesquisadores foram capazes de acompanhar com precisão seus movimentos ao longo de dois meses, conforme o animal buscava locais para caça.
Os cientistas também puderam determinar quando o urso estava na água pelos dados do colar e por um registrador de temperaturas instalado debaixo da pele do animal.
O estudo mostra que a viagem épica teve um alto custo para o urso. "Este animal perdeu 22% de sua gordura corporal e seu filhote de um ano", relata Durner.
"Foi simplesmente mais custoso energeticamente para o filhote do que para o urso adulto nadar toda essa distância", afirma.
 
ESPÉCIE AMEAÇADA

Durner afirmou à BBC que as condições no mar de Beaufort têm ficado cada vez mais difíceis para os ursos-polares.
"Nas décadas passadas, até 1995, o gelo marítimo de baixa concentração se mantinha durante os verões na plataforma continental do mar de Beaufort. Isso significa que as distâncias, e os custos para os ursos, de nadar entre icebergs isolados ou entre o mar congelado e a terra eram relativamente pequenos", diz.
"O derretimento mais longo no verão que parece ser típico agora no mar de Beaufort provavelmente aumentou o custo desse deslocamento para os ursos-polares", afirma.
Os ursos-polares vivem no Círculo Polar Ártico e se alimentam de focas, com alta concentração de calorias, para sobreviver às condições climáticas locais.
Os ursos caçam suas presas sobre o mar congelado, um habitat que muda de acordo com a temperatura.
"Essa dependência do gelo no mar potencialmente torna os ursos-polares um dos mamíferos grandes mais vulneráveis às mudanças climáticas", afirmou Durner.
A União Internacional para Proteção da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) lista os ursos-polares como espécie ameaçada, citando as mudanças climáticas globais como uma "ameaça considerável" ao seu habitat.

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