quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Segurança privada infla preços no Iraque

Liberdade? Democracia? Ideais humanitários? Pois sim!

Money! Money! Money! São pelos lucros para as grandes corporações privadas que o $istema capitali$ta promove as guerra$!


 

São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


Diretores da megaconstrutora americana Halliburton no Iraque acusaram empresas particulares de segurança de operar uma "máfia" para elevar "ultrajantes preços" cobrados por seus serviços.
O episódio é relatado em um dos mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos revelados pelo site WikiLeaks e foi divulgado ontem pelo jornal "Guardian".
Redigido por um diplomata dos EUA lotado na base de Basra, o texto explicita tensões existentes entre empresas, firmas de segurança privada e o governo iraquiano.
"A Halliburton no Iraque descreveu uma "máfia" dessas empresas [de segurança privada] para exagerar nas ameaças à segurança", diz.
"[A empresa americana] disse que recebe com frequência o que considera relatórios "questionáveis" sobre a vulnerabilidade dos seus empregados", afirma o relato.
"Disse ainda ter visto recentemente documentos internos de uma empresa de segurança em que seus funcionários são instruídos a enfatizar o persistente perigo enfrentado por empresas internacionais de petróleo [área em que a Halliburton atua]."
Segundo o documento diplomático, chega a custar US$ 6.000 a contratação de serviços privados de segurança em Basra por quatro horas. A proteção inclui quatro agentes de segurança, motoristas e ainda três ou quatro veículos blindados.

MENOS MORTES
As queixas são reforçadas ainda pelo fato de o Iraque registrar melhora acentuada na segurança desde 2007.
A queda contínua no número de mortes é atribuída a uma revisão estratégica promovida pelo então presidente dos EUA George W. Bush (2001-09), que incluiu o aumento significativo de soldados no país e acordos com grupos insurgentes locais.
A Halliburton já teve como CEO o vice-presidente nos anos Bush, Dick Cheney.
No final de 2008, os EUA e o Iraque estabeleceram um cronograma de retirada do país que foi preservado pelo presidente Barack Obama.
Em agosto deste ano, Obama anunciou a saída das últimas tropas de combate do país. A retirada completa do Iraque, invadido em março de 2003, está prevista para o final de 2011.

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UOL, 29/09/2010

''Route Irish'', de Ken Loach, revela ''privatização'' da Guerra do Iraque

CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
Colaboração para o UOL, do Rio


Route Irish é nome de uma estrada em Bagdá que liga o centro da capital iraquiana ao aeroporto da cidade. É considerado um dos trajetos mais perigosos do mundo desde que as forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos depuseram Saddam Hussein com o objetivo de levar democracia ao país. O caminho batiza o novo filme do diretor britânico Ken Loach, que explora o impacto moral do conflito nos ingleses que lucram com a guerra. O longa-metragem, que concorreu à Palma de Ouro no último Festival de Cannes, ganha sessões hoje, às 15h20 e 21h50, na Estação Vivo Gávea 5, dentro da programação do Festival do Rio.
O filme conta a história de Fergus (Mark Womack), recrutador de uma companhia de segurança particular no Iraque que convence Frankie (John Bishop), um amigo de infância, ex-integrante da força de elite do Exército britânico, a trabalhar para a firma. Quando Frankie morre de forma suspeita na capital iraquiana, em 2007, o amigo culpado inicia um levantamento sobre as circunstâncias da tragédia, levando-o às entranhas de uma iniciativa privada que se aproveita do aspecto comercial da guerra.
Até 2009, tais companhias de segurança privada gozavam de total imunidade e privilégios em guerras, com total apoio do governo do Reino Unido. O filme deixa clara a culpa tanto de civis e militares quanto a dos gabinetes do serviço público no conflito. “A maioria deles podem ser considerada como criminosos de guerra”, afirmou um indignado Loach, de 73 anos, em Cannes. “Aqueles que estiveram no poder durante a Guerra do Iraque são criminosos de guerra com responsabilidade coletiva sobre o que aconteceu lá”.
Aqui, Loach abraça a estrutura do thriller tradicional, sem perder de vista o engajamento político de sua filmografia, fazendo de “Route irish” um de seus filmes mais palatáveis para o grande público. “Sempre sou muito cuidadoso com o uso da expressão thriller, pois sugere um certo tipo de cinema que não é, de forma alguma, o de ‘Route Irish’, disse Loach, ganhador da Palma de Ouro de 2006 com “Ventos de Liberdade”. “Mas há um quebra-cabeças a ser desvendado (no filme) e, ao fazer isso, espero que o público chegue ao coração do que está acontecendo”.
Loach ficou conhecido por retratar em seus filmes o cotidiano da classe operária britânica, em seus subúrbios cinzentos e tristes. Aqui, ele fala sobre a Guerra do Iraque quase sem sair de Liverpool. No roteiro, desenvolvido por Paul Laverty, antigo colaborador do diretor, as investigações de Fergus sobre o destino trágico do amigo não precisam ir muito além da fronteira do Reino Unido. “Em minhas pesquisas, descobri que houve uma espécie de privatização da guerra, os soldados eram tratados como subalternos e não tinham responsabilidade sobre seus atos”, explicou Laverty.
O filme refaz a parceria entre Loach e o fotógrafo Chris Menges, que se iniciou na carreira com o diretor, com filmes como “Poor Cow” e “Kes” (1970). Menges rodou o mundo, trabalhou em títulos como “Os Gritos do Silêncio”, e ganhou o Oscar por “O Leitor”, de Stephen Daldry. “Achei que seria uma boa ideia voltarmos a trabalhar junto antes de nos retirarmos de cena. Nós nos conhecemos há 44 anos”, brincou Loach.

"Route Irish" (Reino Unido/França/Bélgica/Itália/Espanha, 2010), de Ken Loach. 109 min.

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