quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Santayana: O Estado e os ladrões

Mantenhamos sempre na memória os nomes destes "iluminados" que subservientemente fizeram tudo o que foi determinado pelo Consenso de Washington - e ainda insistem em fazê-lo - não medindo esforços para colocar o Brasil de joelhos perante as potências estrangeiras e o capital internacional.

Os mais conhecidos e descarados entreguistas deste país: FHC, José Serra, Collor e seus comparsas aninhados no PSDB e DEM, principalmente.



Jornal do Brasil 23/12/2010

O Estado e os ladrões

Por Mauro Santayana

Há vinte anos houve, no Brasil, mais do que nos ou­tros países, a condenação formal do Estado como organizador e dirigente das socie­dades nacionais. O Estado perdera a sua razão de ser, diziam os nossos iluminados acadêmicos, fascinados pelos norte-americanos que ha­viam produzido o famoso do­cumento Consenso de Washington.

As relações mercantis, internas e exter­nas, teriam que se submeter ao Acordo Mundial de inves­timentos, que impunha a so­berania do capital sobre to­dos os atos humanos. Os tri­bunais nacionais perdiam o seu direito de julgar, porque os códigos de cada país esta­riam, ipso facto, anulados diante das cláusulas do acordo internacional. Dada a indecência de suas cláusulas, acabou sendo denunciado por países importantes e só foi aplicado, em suas cláusu­las mais fortes, mediante en­tendimentos bilaterais.

No Brasil e em outros luga­res, alguns de seus dispositivos, como as privatizações, as leis de patentes e a revo­gação do controle sobre o sis­tema financeiro foram cum­pridos durante os dois man­datos de Fernando Henrique Cardoso, e o Banco Central afrouxou o controle cambial, permitindo o refúgio de di­nheiros mal havidos em pa­raísos fiscais.

Outro dos grandes projetos do Consenso de Washington foi o de substituir a ação do Estado também em outros se­tores, como os da educação, da proteção do meio ambien­te, da assistência social e de saúde, pela iniciativa soi-disant da cidadania, mediante as organizações não governa­mentais de âmbito mundial.

O Estado transferiu para essas organizações grande par­te do orçamento nacional, terceirizando os serviços de sua responsabilidade. Milha­res de trabalhadores perde­ram seus empregos formais, sendo obrigados a salários menores sem quaisquer ga­rantias legais. As eficientes empresas estatais foram pri­vatizadas e sólidas empresas nacionais passaram ao con­trole estrangeiro. 

A prática demonstrou que o sistema financeiro, comandado, em muitos setores, por la­drões vulgares - como esse se­nhor Madoff -não passa de or­ganização mafiosa, montada a fim de lesar os aplicadores, os acionistas e o Estado.

Os go­vernos, começando pelo Bra­sil, com o Proer, como ocorrera em outras crises, salvaram o sistema da  falência, com a in­jeção de bilhões e bilhões de dólares.  O último aporte, nos Estados Unidos, foi de US $600 bilhões, decidido pelo FED. A falência teria sido salutar, co­mo salutar foi a crise financei­ra durante a Presidência de Andrew Jackson, o estadista que enfrentou os banqueiros privados, 100 anos antes que Roosevelt o fizesse em 1933.

Apesar dessa lição, muitos Estados nacionais, ainda ocu­pados pelos neoliberais, con­tinuam agindo em favor de al­guns grandes meliantes, que levam países inteiros à falên­cia, como fizeram com a Irlan­da. A Irlanda, a Grécia, a Es­panha e Portugal estão que­brando, para que não quebrem os grandes bancos europeus, sediados em Londres, Paris e Frankfurt e, no caso do San­tander, em Madri.

Em entrevista recente, publicada no Brasil pela Revista  Época, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, defendeu o modelo escandinavo de estado de bem-estar social, con­tra o do Estado dominado pelo capital financeiro, de corte norte-americana. Em artigo recente, diz Delfim Neto: "O sistema financeiro, em vez de servir aos setores da produção, pretende ser o senhor do sis­tema produtivo. Este foi o fator dominante nos últimos anos do século 20 e em quase toda a primeira década do século 21, o que resultou na monumental fraude que derrubou a economia dos países desenvolvidos. E, em consequência, trinta desonestos roubaram os empre­gos de 30 milhões de trabalha­dores de ganhar a vida hones­tamente". O mundo precisa, com urgência, de estados for tes, que encabrestem o capi­tal e coloquem todos os la­drões na cadeia.

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