sábado, 23 de outubro de 2010

A Escola Goebbels

Adolf Hitler não foi o único monstro responsável pela ascensão do Nazismo na Alemanha.
Grandes e perversas inteligências estavam ao seu lado. Dentre elas, Joseph Goebbels, o homem que aparece nesta foto.

Goebbels foi o responsável pela propaganda do regime hitlerista; Goebbels foi quem elevou a manipulação das massas a um nível jamais alcançado; Goebbels foi a inteligência maquiavélica que convenceu a um dos povos mais cultos e desenvolvidos da Europa a considerem como verdades incontestáveis as absurdas mentiras da propaganda nazista. Foi, realmente, um prodígio a serviço do mal!

 

E são graças aos ensinamentos de Goebbels que grande parte do eleitorado brasileiro está sendo conduzido a votar contra os interesses do país. A grande mídia, não menos maquiavelicamente que a máquina de propaganda nazista, está se utilizando dos ensinamentos de  Goebbels para impingirnos uma grande mentira.

Apresentam-nos um candidato que somente serve a interesses perversos, interesses que, mais uma vez, tal qual ocorreu durante os 8 anos do subserviente governo FHC, levarão o Brasil a ficar novamente de joelhos perante às grandes potências econômicas, como aquele a quem devemos entregar o mais alto posto da nação.

Não podemos permitir!

Peço-lhes que leiam a didática matéria abaixo e comparem com o que estamos vendo nas páginas dos órgãos da grande imprensa. Estes, todos pertencentes a mesma elite que conduziu Getúlio Vargas ao suicído, perfeitamente afinados como uma grande orquestra filarmônica, estampam calúnias, apresentam-nos criminosos como "consultores", vendem-nos os vendilhões da pátria como "administradores competentes e experientes"... estão fazendo que significativa parcela do eleitorado brasileiro absorvam suas  mentiras como puras verdades.

O futuro do Brasil está, mais do que nunca, dependendo do nosso nível de conscientização e compreensão das verdadeiras faces daqueles  que estão disputando a Presidência do país. Não nos deixemos enganar tal qual o povo alemão!

Viva o Brasil!



A ESCOLA GOEBBELS

José Arbex Jr., Jornalista e Professor da PUC-SP

Hegel costumava equiparar o ato de ler o jornal todas as manhãs a uma prece para Deus. É claro: a imprensa era, então, parte constitutiva e fundamental do processo de formação daquilo que o próprio Hegel qualificava como “sociedade civil”, conceito que seria posteriormente desenvolvido por Marx e Gramsci. A imprensa era vista por Hegel, nesse sentido, como o meio de conduzir o indivíduo isolado ao convívio social, como expressão da maturidade atingida pela civilização, instrumento de realização do Espírito. A imprensa foi vital como instrumento de debate de idéias e de organização da revolução de 1789, assim como ocupou um papel central no processo de formação do novo Estado criado com base na Declaração de 1776. Não por acaso, a famosa Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos proíbe ao Congresso aprovar qualquer lei com o objetivo de cercear ou restringir a liberdade de expressão, religião e imprensa. É de Thomas Jeferson, radical advogado da liberdade de imprensa, a famosa sentença, freqüentemente citada pelos donos dos grandes veículos: “Se tivéssemos de optar entre um governo sem jornais ou jornais sem governo, escolheria sem hesitar a segunda hipótese.” O problema começa com a continuação da sentença, que costuma ser deixada de lado pelos “chefões” da mídia: “Mas, nesse caso, devo insistir que todos os homens deveriam receber os jornais e serem capazes de lê-los (Carta de Th omas Jeferson a Edward Carrington, 1787).

Desde os anos de Jeferson e Hegel até a segunda metade do século XIX, não havia o monopólio privado da comunicação. O exercício do jornalismo era extremamente permeável aos debates políticos que agitavam as sociedades, que então amadureciam as condições para a construção do Estado nacional burguês. Claro que não se trata, aqui, de idealizar um suposto período áureo de total liberdade de expressão. Isso nunca existiu, ou funcionou apenas durante períodos breves. O grau de liberdade de imprensa variava de país para país, e dentro de cada país oscilava segundo a época e o regime político implantado (por exemplo, uma das primeiras medidas adotadas por Napoleão Bonaparte, ao assumir o poder, foi a imposição de uma rigorosa censura). Nos países da periferia do sistema, como era o caso do Brasil colônia, a imprensa era praticamente inexistente. Ao longo de boa parte do século XIX, o debate público no Brasil era feito por meio de pasquins, “jornais” precários, muitas vezes de uma só página, que não rararamente resvalavam para o ataque pessoal, como mostra Nelson Werneck Sodré e outros historiadores. Mas, em qualquer hipótese, a censura, quando existia, era exercida pelo Estado e em nome do bem público. Esse quadro mudou radicalmente com o surgimento do capital monopolista, na fase imperialista de sua história.

Não se pretende aqui, obviamente, contar uma história do capitalismo, nem sequer em seus traços mais gerais, mas apenas realçar o fato de que a evolução das empresas jornalísticas acompanhou a tendência geral da economia mundial. Na passagem do século XIX para o XX, já se formavam nos Estados Unidos grandes impérios privados da comunicação, chefiados por gente como Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst (imortalizado por Orson Welles no filme “Cidadão Kane”), concomitantemente ao processo de construção dos grandes monopólios industriais, responsáveis pela divisão do mundo em “áreas de iinfluência”, que desembocaria na Primeira Guerra Mundial. Hearst chegou a controlar mais de cinqüenta jornais e provocou uma guerra entre os Estados Unidos e a Espanha, com o objetivo de vender jornal. Também na Europa houve um processo de construção de grandes corporações da comunicação, embora segundo ritmos e formas distintas das verificadas nos Estados Unidos (Neal Gabler faz uma análise muito interessante e aprofundada sobre o tema, no livro Vida, o Filme - como o entretenimento conquistou a realidade. São Paulo, Companhia das Letras, 1999). No Brasil, Assis Chateaubriand tornou-se o primeiro grande “magnata da imprensa”, merecendo o apelido de “nosso Kane”, título de duvidosa qualidade que, mais tarde, seria abocanhado por Roberto Marinho.
Em síntese, aconteceu um processo gradativo de transformação do lugar e do significado social, cultural e político da imprensa.
De instrumento de debate e pluralismo ideológico e político, ela foi assumindo o papel de porta-voz dos interesses monopolistas dominantes, tornando-se, ela própria, capital monopolista. Para utilizar termos de Gramsci, os maiores veículos de comunicação assumiram o lugar de intelectuais orgânicos da burguesia, no quadro da luta de classes, encarregando-se de assegurar a hegemonia ideológica desejada pelos patrões.

Ainda segundo Gramsci, a imprensa tornou-se o grande partido da burguesia. Mas ela nunca abandonou a aparência de porta-voz e protagonista dos ideais iluministas de 1789, adquirida em sua fase áurea. Ao contrário: os donos da mídia são os primeiros a propalar a percepção de que a imprensa é o “quarto poder”, garantidora da democracia, vigilante do bem público, campeã do combate à corrupção, “espelho da verdade” etc.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação, cada vez mais sofisticadas e caras, o controle dos aparatos midiáticos tornou-se uma questão estratégica de Estado. As bem sucedidas experiências nazistas arquitetadas pelo gênio do mal Joseph Goebbels demonstraram a eficiência e a importância da propaganda feita por meio do cinema, da televisão e do rádio. No final dos anos de 1930, Goebbels trabalhava com os efeitos exercidos pelas cores e formas sobre o cérebro e o corpo, tanto aqueles percebidos conscientemente quanto os subliminares. A máquina de propaganda nazista provou a eficácia do uso político do clichê incessantemente repetido pelos meios de comunicação de massa (por exemplo, sobre o mal que os judeus, ciganos e comunistas causam à humanidade). Goebbels também foi um mestre na arte de utilizar a tática da desinformação, por meio da multiplicação de imagens completamente falsificadas, a ponto de conseguir iludir até mesmo suas principais vítimas, os judeus. Como nota Paul Virilio, no livro Guerra e cinema (São Paulo, Scritta, 1993):
Ainda que, em 1942, mais de dois milhões de judeus já tivessem sido assassinados, a imprensa judaica na Palestina ainda encontrava motivos para estar tranqüila em relação aos centros de educação agrícola na Polônia e em outros países (...).
Goebbels sabia que a capacidade humana de suportar o terror é limitada, e que, por isso, as pessoas iriam preferir, pelo menos por um certo tempo, acreditar na “veracidade” do documento fotográfico, descartando a idéia do holocausto.
A abolição ou, no mínimo, o enfraquecimento das fronteiras entre os gêneros abre uma avenida imensa para a manipulação do imaginário...
O nazismo foi derrotado, mas as lições de Goebbels ficaram e passaram a ser desenvolvidas pelas corporações privadas, incluindo a indústria do entretenimento, particularmente Hollywood. Ao mesmo tempo, as grandes somas investidas nas tecnologias de comunicação implicaram a extrema concentração monopolista, com a formação de um pequeno punhado de grupos que controlam a informação, em cada país. Estamos, portanto, há milhões de anos-luz do momento de formação do Estado nacional burguês, quando a imprensa funcionava como um motor propulsor do debate democrático de idéias, cultura e ideologias. O debate foi substituído pelo controle. Durante todo o período da Guerra Fria, que cobriu praticamente a segunda metade do século XX, a mídia funcionou como instrumento de propaganda dos dois grandes sistemas (diretamente controlada pelo Estado, no lado soviético, e em relação de colaboração entre o capital monopolista e o Estado, no lado estadunidense). O desenvolvimento vertiginoso da televisão foi decisivo para o processo de controle e propaganda, pois aboliu as fronteiras entre os gêneros (notícia, entretenimento e publicidade) e promoveu uma “confusão” total entre eles. As notícias passaram a ser apresentadas como show, entretenimento, ao passo que os programas de entretenimento (incluindo telenovelas, programas de auditório etc.) simulam debates sobre a “vida real”, tudo formatado como pacote publicitário.
Assim, por exemplo, o telespectador acha que sabe o que é e como funciona o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por ter acompanhado a telenovela “Rei do Gado” (1996). Outros pensam conhecer o Islã, por terem visto incontáveis filmes produzidos em Hollywood, nos quais os seguidores do Corão são invariavelmente descritos como “fanáticos”, “intolerantes”, “atrasados” e “terroristas”. Inversamente, a apresentação dos telejornais usa e abusa de recursos cinematográficos, como a captação de imagens com recursos de câmara extremamente sofisticados, assim como tratam os “âncoras” (apresentadores) como celebridades, cuidando dos mínimos detalhes – do tipo de roupa que vestem ao corte de cabelo, passando pelo treino da pronúncia das palavras. O resultado disso é gravíssimo. A abolição ou, no mínimo, o enfraquecimento das fronteiras entre os gêneros abre uma avenida imensa para a manipulação do imaginário, já que a mídia se sente à vontade para compor as suas fabulações, reforçar determinados estereótipos, gerar consensos e construir percepções (esse tema é bem desenvolvido por Jürgen Habermas, em Mudança estrutural da esfera pública, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1984).
Sintomaticamente, as três últimas décadas do século XX foram ricas em filmes que tiveram a mídia como tema — mais especificamente, a relação entre mídia, notícia e espetáculo. É emblemática a série televisiva Max Headroom, 20 Minutes in the Future (Francis Delia e Janet Greek, 1987). No mundo de Max, apresentador de telenoticiário criado por computador, é proibido desligar a televisão. Outros filmes dramatizam o tema, como Network (Sidney Lumet, 1976), Broadcast News (James Brooks, 1987), Hero (Stephen Frears, 1992), The Paper (Ron Howard, 1994), Mad City, Costa-Gravas, 1997), Winchell (Paul Mazursky, 1998), The Truman Show (Peter Weir, 1998). Não se trata mais de, simplesmente, mostrar o jornal como um panfleto instrumentalizado pelo seu proprietário, como no caso de Kane, mas de um processo muito mais sofisticado: o da espetacularização da notícia. O que importa, nos atuais programas de telejornalismo, é o impacto da imagem, assim como o ritmo de sua transmissão. Como no videoclipe, uma sucessão de imagens é “costurada” de maneira aparentemente aleatória, mas que, em seu conjunto, reforçam uma certa mensagem. No caso do videoclipe musical, as imagens servem para criar uma atmosfera propícia à fruição de determinada fantasia: romântica, no caso de “baladas”, erótica, no caso de muitas canções de rock pesado, e assim por diante. No caso do telenoticiário, as imagens reiteram uma certa percepção do mundo (mulheres com véu no Islã, negros famintos na África, “bandidos” negros etc.). O que resta, na memória do telespectador, são flashes.
No mundo contemporâneo, uma única emissora de televisão, a CNN, é responsável pela difusão da imensa maioria das imagens que são retransmitidas por emissoras de todo o planeta, assim como uma única agência de notícias, a Reuters, alimenta com seus despachos a maior parte dos jornais. No Brasil, a informação que circula em escala nacional é controlada por meia dúzia de famílias e grupos empresariais. Novamente, isso em nada difere do que acontece no mundo capitalista em geral: cerca de quinhentas grandes empresas transnacionais (de alimentos, petróleo, automóveis, farmacêuticos, armas etc.) controlam um mercado composto por quase sete bilhões de seres humanos. Assim como vende-se a fantasia do “livre comércio”, alimenta-se também a ilusão da “livre informação”. Noam Chomsky colocou o dedo na ferida, em artigo publicado no caderno “Mais” da Folha de S. Paulo (p. 1, edição de 9 de março de 1997):
John Dewey apontou há muito tempo que uma crítica séria dos ‘abusos específicos’ cometidos por ‘nossa imprensa não-livre’ deve buscar suas origens: ‘O efeito necessário do atual sistema econômico sobre todo o sistema de publicidade, sobre a avaliação do que é notícia, sobre a seleção e eliminação dos assuntos que são divulgados, sobre o tratamento dado às notícias tanto nas colunas editoriais quanto nas do noticiário’. O conselho é válido. Se quisermos entender os órgãos de imprensa, devemos começar por perguntar o que são. Os maiores órgãos de imprensa são empresas enormes que integram conglomerados ainda maiores. São estreitamente integrados com o nexo Estado-privado que domina a vida econômica e política. Como outras empresas, vendem um produto a um mercado. Seu mercado é composto por outras empresas (anunciantes). O ‘produto’ que vendem é a audiência; no caso da mídia de elite, que estabelece a agenda para as outras, são audiências privilegiadas. (...) O esquema geral consiste em incentivar o debate, mas dentro de um quadro estreito de pressupostos que constituem uma espécie de ‘doutrina oficial’.
Não há liberdade de imprensa. Se, em tempos de “democracia”, como esse que vivemos hoje no Brasil, não existe a  figura do censor nas redações, típico da ditadura militar, existe a ação coercitiva do Estado contra aqueles que, por exemplo, tentam criar rádios comunitárias, assim como existe a censura econômica contra os setores pobres, como os movimentos sociais e populares, que tentam criar um jornal impresso. Não será o caso de relatar aqui a longa, incessante e de certo modo heróica luta travada por um grande número desses movimentos para manter o jornal Brasil de Fato, lançado no Fórum Social Mundial de 2003, em Porto Alegre, e apenas mantido graças ao esforço abnegado e militante de seus funcionários. E, no entanto, o jornal deveria ser estimulado, promovido e patrocinado por recursos públicos, já que ele é porta-voz de um vasto contingente da sociedade brasileira, justamente aquele formado por pessoas normalmente invisíveis, mal representadas e, pior ainda, interpretadas pela chamada “grande mídia”. Há muitos outros exemplos de veículos jocosamente qualificados de “alternativos” ou “nanicos”, que seriam respeitados, prestigiados e estimulados, se houvesse democracia real no país.
Não apenas não há liberdade de imprensa – e, conseqüentemente, não há democracia -, como a mídia monopolizada é um obstáculo à democracia e à liberdade de imprensa, ao contrário do que gosta de propalar ao seu próprio respeito. O mais grave é que o autoritarismo monopolista da mídia é apresentado como se fosse a apoteose da democracia; a informação controlada aparece como pluralismo ideológico; a versão única dos fatos, transmitida por satélite para todos os cantos do planeta, confunde-se com os próprios fatos, como se não houvesse outra interpretação possível. São tempos perigosos, em que a mídia monopolista detém a tecnologia e a capacidade de produzir uma perigosa engenharia psicossocial, uma máquina que faria Goebbels parecer um colegial ruborizado. Hans Magnus Enzensberger denuncia a “indústria da manipulação das consciências”, em artigo citado pelo saudoso professor Octavio Ianni (O príncipe eletrônico. Campinas, Unicamp, col. Primeira Versão, 1998, pp. 10-11) :
A indústria da manipulação das consciências é uma criação dos últimos cem anos. Seu desenvolvimento tem sido tão rápido e tão diversificado, que sua existência permanece ainda hoje incompreendida e quase incompreensível... Enquanto se discute com paixão e detalhadamente acerca dos novos meios técnicos – rádio, cinema, televisão, disco, CD, fax, internet e outros – ; enquanto se estuda o poder da propaganda, da publicidade e das relações públicas, a indústria da manipulação das consciências continua sem ser considerada em seu conjunto, como um todo... A indústria da manipulação das consciências nos vai constranger, em futuro muito próximo, a que a consideremos como uma potência radicalmente nova, em crescente desenvolvimento, impossível de ser medida com base nos parâmetros disponíveis. Estamos ante a indústria chave do século vinte.

Explica-se, portanto, por que os donos da mídia citam Thomas Jeferson pela metade. Aquele finalzinho sempre esquecido “... devo insistir que todos os homens deveriam receber os jornais e serem capazes de lê-los” – representa um grande inconveniente para os que usurpam o discurso democrático. Os novos Goebbels não suportam a idéia da real democracia.

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